Esse post foi publicado 22 de maio de 2017 às 19:41 e está arquivado em Textos. Você pode acompanhar quaisquer respostas a esta entrada através do RSS 2.0 feed. Você pode deixar uma resposta, ou trackback de seu próprio site.
Não pagar a dívida pública com a fome do povo
Arnaldo Mourthé
Estamos sem governo. O Presidente que aí está não governa mais. Ele se tornou um animal coagido tentando se defender. Quando um animal está em perigo, inclusive o homem, ele reage, às vezes com violência, ou foge. No caso do Presidente, ele ainda não precisa fugir, basta renunciar. Mas, na sua mesquinha cabeça ele entende que a renúncia é confissão de culpa, o que ele não fará. Ele está na ilusão de conseguir comprovar que foi apenas ingênuo. Mas pode um ingênuo ser presidente da República? Pode um ingênuo defender uma Nação continental como o Brasil com mais de duzentos milhões de habitantes? Ingenuidade é pensar que pode.
O Presidente perdeu a condição de dirigir o País, Está fraco e desmoralizado. Pensa contar com o Congresso para voltar a si impor. Mas os congressistas não são ingênuos, pelo menos a maioria não o é. Também não é ingênuo o povo brasileiro. É ele que paga a conta de todos os desmandos que têm sido cometidos por seus mandatários, que o vêm traindo há muito tempo. A maior traição é alimentar uma dívida pública misteriosa, uma verdadeira fraude contábil, que retira dos cofres públicos uma fortuna todos os dias. Em 2016 a sangria diária foi de cerca 1,2 bilhões de reais. Para esse ano está previsto no orçamento 339,1 bilhões só para isso, o que corresponde a mais de 900 milhões de reais por dia. Temer se mantém no poder, e tentará mantê-lo o quanto puder, para continuar a pagar essa conta que é uma farsa, que está demolindo o Estado brasileiro, sacrificando enormemente a população, e esfacelando nossa sociedade. Os chefes do Presidente, que se escondem sob o codinome “mercado”, não querem que ele saia e farão tudo para segurá-lo no poder, com o seu tesoureiro Meirelles. O novo presidente poderá rever a política econômica do governo e fazer uma auditagem da dívida pública. Pode até suspender o pagamento dos juros até o resultado da auditagem que vai revelar a fraude.
Se isso acontecer o país retoma a governabilidade e pode desenvolver um projeto de desenvolvimento com soberania, e vir a ser uma grande potência mundial em uma década. Seremos o exemplo para o mundo que verá ser possível enfrentar o capital financeiro internacional e libertar-se para percorrer uma nova era de prosperidade com justiça social. Tudo isso é possível e pode começar aqui, no Brasil. Nós chegamos a uma situação dramática, mas singular. Podemos indicar o caminho para outros povos libertarem-se do poder diabólico do dinheiro sem lastro, e do lucro sem produção, geradores da grave crise que afeta quase toda a humanidade. Assim sendo, nossa crise pode vir a ser uma benção, por nos obrigar a buscar uma solução que não será só para nós, mas para toda a humanidade.
Tancredo Neves havia escrito no seu discurso de posse sua linha de conduta no governo. A mais incisiva do texto foi: …”restaurar a República e não pagar a dívida externa com a fome do povo”. Isso está no discurso que Sarney leu na sua posse. Terá sua morte sido consequência dessas palavras? No melhor hospital de Brasília, de uma cirurgia de diverticulite? Só Deus sabe. Fernando Henrique transformou a dívida externa em dívida interna e escancarou nossa fronteira ao capital especulativo. Com juros excessivos e irresponsabilidade na gestão da coisa pública, seu governo, o de Lula e o de Dilma, criaram essa situação de submissão do governo brasileiro ao capital internacional. Temer veio para completar esse serviço sujo: subordinar nossa Nação aos interesses perversos dos multibilionários do mundo. Veja só: a cada dia de Temer no poder serão pagos por nós mais de 900 milhões de reais aos “investidores”, ou seja, especuladores que são verdadeiros vampiros dos povos.
Toda essa forjada “valentia” de Temer é apoiada nessa horda de vampiros que infelicitam a humanidade. Eles querem ganhar tempo para forjar uma saída política dessa brutal crise institucional que vivemos. Eles precisam montar esquemas para que o futuro presidente seja um dos seus sequazes. É preciso que estejamos atentos às manobras que virão para continuar o sistema espoliativo a qual estamos submetidos. Se eles conseguirem seus objetivos, correremos o risco de perder o pouco que temos de independência. Essa crise que vivemos é decisiva para o futuro do Brasil, e sua solução, para nós, passa pelo equacionamento da sangria que sofremos pelo endividamento público.
Os que se intitulam especialistas em política não conseguem enxergar uma solução para a crise por uma razão muito simples. Eles não levam em consideração sua causa primeira, que é nossa dependência ao capital financeiro gerido a partir da Wall Street. Brasileiros, não caiam na discussão simplória de simples nomes conhecidos para superar nossos problemas! Estão todos comprometidos com essa mazela monumental que nos atinge. Procuremos soluções fora desses nomes. Não transformemos essa oportunidade de libertação em retaliações ou vinganças. O que passou, passou. O que não podemos é deixar que continuem a nos impor as restrições que sofremos sem necessidade. É preciso que cada criança tenha sua escola formadora de cidadãos, que cada doente seja cuidado com carinho e eficiência para recuperá-lo, que todos que queiram encontrem um trabalho para sua existência com dignidade. Afinal, que cada brasileiro se realize como ser humano. Todos merecem, a Natureza e os Céus estão a nosso favor.
Que sejamos um povo feliz em uma grande Nação de Paz e Fraternidade.
Rio de Janeiro, 22/5/2017
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