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Guerra ou paz?
A desordem mundial
Arnaldo Mourthé
Tolstoi imortalizou-se com seu livro Guerra e paz. Mas essa dicotomia só é válida para os tempos da dualidade, quando a convivência dos opostos era a condição de existência através da contradição entre eles. Essa questão é tratada pela dialética, método filosófico de análise das contradições no seio de tudo que existe desenvolvido por Hegel, No entanto há mudanças significativas nas relações humanas no Planeta. O que vivemos hoje é a desordem mundial.
Essa questão pode ser interpretada por alguns como complexa ou imprópria, porque, em tese, a dualidade existe e se manifesta pelas contradições que estão aí, por toda parte. Entretanto, ela não tem sentido pelas novas condições nas quais vivemos no nosso Planeta. Esssa questão pode ser analisada de duas maneiras, através do espiritualismo ou da geopolítica. A primeira eu deixo a critério do leitor interessado em investigá-la. Vamos tratar apenas da segunda, a do nosso mundo físico, a geopolítica.
A história da humanidade é escrita, em geral, como um relato. Neles afloram os fatos marcantes que produziram mudanças significativas e seus protagonistas, as figuras históricas. As causas que produziram os acontecimentos são apresentadas sempre como disputa de poder ou interesse econômico. Nesse quadro, destacam-se as guerras que aparecem como grandes feitos ou como tragédias. Seu desfecho trazia de novo a paz, sob as condições impostas pelo vencedor ou através de um “acordo de paz”, quando o embate se mostrava indefinido e, assim, desfavorável às duas partes.
Raros são os escritos que aprofundam a análise entre os contundentes, para apresentar as contradições dentro da sociedade como causas das guerras. Essa análise só foi possível com o uso da dialética. Assim ficamos sabendo que as guerras que aconteceram na Europa a partir do século XIX foram, todas, frutos das contradições do sistema capitalista. Elas foram apresentadas como causadas por disputas entre nações, o que não é toda a verdade. As guerras já ocorriam nos tempos primitivos entre tribos, depois entre os impérios da antiguidade e entre reinos anteriores ao domínio da sociedade pelo sistema capitalista. Suas razões quase sempre foram os interesses econômicos, das comunidades, ou políticos, dos detentores do poder. Depois que os capitalistas assumiram o poder foi diferente.
A burguesia capitalista conseguiu impor o conceito errôneo sobre as causas de suas guerras como sendo conflitos entre nações. Entretanto elas foram resultado das disputas por mercado e, ainda, para queimar estoques de mercadorias não vendáveis. Estas são uma parte do excedente da produção retido pelos capitalistas, por força da contradição criada pela apropriação privada dele, sob a forma do lucro. Ao mercado não é dada a condição de comprá-lo, por não dispor do dinheiro que se acumula nas mãos dos capitalistas.
A partir dessa conceituação ficamos em condições de analisar os conflitos políticos que assistimos nesse nosso tempo de perplexidade. As aberrações das relações entre classes e atividades sociais, assim como entre nações, não têm como causa principal os conflitos de interesses entre elas, mas o impasse do capitalismo sufocado por uma crise sem precedentes, por não dispor do remédio suficiente para a superação dela, uma grande guerra. Essa guerra tornou-se impensável, devido às armas nucleares que, acionadas, destruiriam a maior parte da humanidade e colocariam no primitivismo e no caos o restante dela. Sem esse remédio, o capitalismo não pode superar sua crise. Ele bem que tenta, através da ilusão financista, criando mercados fictícios para manter seu modo de produção, que degrada o meio ambiente e gera um grande excedente que se transforma no capital acumulado sem a realização em dinheiro do lucro que é obtido após a venda. Essa é a causa da dívida pública, e não o excesso de gastos do Estado.
O caso do Brasil é um exemplo marcante de um país que eles conceituam como uma tábua de salvação, melhor dizendo, de sobrevida, do capitalismo. Toda a parafernália de medidas econômicas e sociais que vêm sendo adotadas pelos governos do Brasil depois do golpe de 1964 tem sua origem na política de transformar o Brasil numa extensão do Império americano para atender às necessidades de mercado de suas empresas capitalistas e estabelecer uma base econômica e social para suportar a crise que se avizinhava.
Nos anos 70, houve um “aprimoramento” desse projeto macabro, apresentado como globalização, consubstanciado numa política de destruição do Estado de Bem Estar Social. Este fora criado para acomodar os conflitos sociais que se agravaram em seguida das grandes guerras mundiais, especialmente da segunda, a partir de 1945. Esse projeto miraculoso é o neoliberalismo, adotado no Brasil por Fernando Henrique, que obteve a complacência dos governos seguintes de Lula e de Dilma. Ele representa a entrega total, feita aos pedaços, da economia brasileira ao capital financeiro internacional.
O agravamento da crise mundial do capitalismo exigiu a aceleração da implantação desse projeto no Brasil. Essa foi a causa maior do empeachment de Dilma Rousseff, que deve ter resistido à sanha da decretação do fim dos direitos sociais do cidadão brasileiro. Daí a pressa do governo das trevas na aprovação das “reformas” trabalhista e da Previdência Social, assim como da privatização irresponsável das empresas estatais e de parte de nosso território, para dar ao capital estrangeiro o controle absoluto do país através da economia, especialmente das finanças alimentadas pela sangria do Estado brasileiro gerada pelos juros da dívida pública.
Diante da desmoralização do Presidente e de seu governo, está sendo criado um cenário de caos para justificar a implantação no Brasil de uma tirania, que poderá tomar a forma de um governo civil sustentado pelo aparato militar e pelo capital financeiro internacional. A partir daí desaparecia a Nação brasileira, que congrega nosso povo e nosso território. Ficaria no seu lugar uma colônia do capital financeiro. Qualquer caminho que possa viabilizar esse projeto macabro pode ser adotado pelo poder político atual, capacho dos interesses do capital financeiro internacional.
Para viabilizar a tirania, eles estão tentando dividir irremediavelmente a população brasileira, como se o conflito maior fosse entre Temer, o presidente impostor, mas constituído, e Lula, o líder político mais popular do Brasil, mas que não representa toda a Nação, nem tem a consciência necessária para resistir à investida do capital estrangeiro. Tanto é que não o fez quando estava no poder. As armas do inimigo são a tensão social, que divide a sociedade, o medo, que imobiliza o cidadão, e a desinformação que o aliena. Sua tática é prender Lula e melar as eleições. Nesse processo se envolve o Judiciário, cuja função limita-se à aplicação da lei, que é feita para proteger o statu quo, o governo das oligarquias nacionais, agora subordinado ao capital financeiro internacional, a quem as leis de proteção ao cidadão não convêm. Desmoralizam-se dessa forma todas nossas instituições republicanas, o Executivo e o Legislativo, pela corrupção, e o Judiciário, pela impotência.
Alguma coisa é preciso ser feita para evitar o êxito dos inimigos da nossa Pátria. O caminho correto, a nosso ver, é a busca da unidade da população. O dilema entre Temer e Lula é falso. Assim como o tráfico de droga nas favelas não é o principal problema no país. O crime organizado que desestabiliza nossa economia, nossas instituições, nossa sociedade, não está nas favelas do Rio de Janeiro. Ele está na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e recebe instruções da Cabala, organização criminosa que controla o sistema financeiro e tem seu quartel general mundial na Wall Street, em Nova Iorque.
Confundir os trabalhadores que habitam as comunidades faveladas com o crime organizado é um desrespeito à cidadania, não só deles, como de todos os brasileiros. Vasculhar suas casas, com a pressuposição de seu acumpliciamento com os criminosos, é violação de domicílio, uma ilegalidade e desumanidade.
Pretendem com isso alcançar o objetivo de amedrontar a população, para que ela fique submissa à impostura do governo, enquanto este entrega o Brasil aos donos do dinheiro que buscam corromper todos que obstaculizam seu plano de dominação. Ao mesmo tempo tentam jogar os brasileiros uns contra os outros, para nos dividir, enfraquecer-nos e dominar-nos. O que estão fazendo é uma operação de diversionismo, ou seja, dispersar nossos esforços para que nosso inimigo nos apanhe desprevenidos e enfraquecidos, por nossas divergências que não naturais, mas induzidas por ele.
Chegou a hora de darmos um basta a tudo isso e nos unirmos para a construção de uma nova sociedade de Paz e Fraternidade. Nossa proposta para virar o jogo a favor de nosso povo, do nosso Brasil, está no pequeno livro que estou lançando: Manifesto por uma sociedade de Paz e Fraternidade, que pode ser adquirido pelo site da Editora Mourthé: www.editoramourthe.com.br. Confio estar dando uma contribuição para superarmos a calamidade em que nos meteram. Conto com a boa vontade de cada um que se considere Brasileiro.
Rio de Janeiro, 11/03/2018
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