Esse post foi publicado 17 de outubro de 2017 às 10:51 e está arquivado em Textos. Você pode acompanhar quaisquer respostas a esta entrada através do RSS 2.0 feed. Você pode deixar uma resposta, ou trackback de seu próprio site.
Como enfrentar nossa perplexidade?
Arnaldo Mourthé
Os filósofos sempre se depararam com muitas controvérsias. Cada qual procurou encontrar respostas às variadas indagações sobre a vida, a natureza e o comportamento humano. Isso levou às diversas correntes filosóficas ao longo do tempo. Uma questão central dessa celeuma foi o caminho para a aquisição do conhecimento. Havia aqueles que tinham como certo que era através dos sentidos, enquanto outros consideravam que era através da razão. Isso ocorreu até que Immanuel Kant (1724-1804) fez a crítica das duas correntes, com seus livros Crítica da razão pura e Crítica da razão prática. Ele concluiu que é necessário tanto os sentidos quanto a razão para a aquisição do conhecimento. O tempo decorrido, desde os filósofos da natureza até Kant, mostra o quanto é complexa a aquisição do conhecimento. Por isso, Kant é considerado um dos maiores filósofos de todos os tempos.
Mas há outras questões para as quais Kant não deu uma resposta, como às indagações: quem somos nós? e para onde vamos? Mas deixou uma indicação para nossa investigação. Ele escreveu:
Duas coisas enchem a alma de uma admiração e de uma veneração sempre renovadas e crescentes: “O céu estrelado sobre mim e a lei moral em mim”.
[…] a lei moral revela uma vida independente da animalidade e também de todo o mundo sensível, pelo menos o quanto se pode inferir da destinação consoante a um fim da minha existência por essa lei, que não está limitada a condições e limites dessa vida, mas, pelo contrário, estende-se ao infinito.
Da mesma forma que a aquisição do conhecimento exige de nós a razão e os sentidos, nossa perplexidade necessitará dos dois para ser superada. Nos nossos dias, apesar da grande quantidade de conhecimentos à nossa disposição, estamos perdidos em um emaranhado de ilusões e falsidades, como dentro de um labirinto. Isso Kant aborda no texto acima, quando ele evoca “o céu estrelado sobre mim”. Ele se refere nessa expressão à grandiosidade do Cosmos, que é regido pelas Leis da Física. Para a compreensão de toda sua imensidão necessitamos conhecer todas essas leis. Nós conhecemos algumas delas, mas não todas. Os astrônomos estão à busca desses conhecimentos e têm à sua disposição quantidades astronômicas de recursos, mas que não são maiores que suas indagações. Há leis cósmicas que desconhecemos.
Mas há outra questão mais grave, nossa alienação. Nos são ocultados certos conhecimentos, que os antigos já possuíam, mas os cientistas modernos conhecem apenas em parte. Alguns já foram comprovados por eles mesmos, mas estão sendo sonegados ao grande público. Isso porque não interessa aos seus patrões que eles cheguem ao público, mesmo que seja apenas para um limitado grupo mais bem informado.
Quanto à “lei moral dentro de mim”, Kant se refere às Leis Espirituais. Segundo ele, essa lei moral “não está limitada a condições e limites dessa vida, mas, pelo contrário, estende-se ao infinito”. Mas, essa questão não é considerada, quando se trata de interpretar o que está acontecendo no mundo em que vivemos.
Há informações sobre o Cosmos que as autoridades nos escondem. Há um fenômeno relativo ao movimento dos astros que precisa ser conhecido, para termos a verdadeira dimensão desse momento de nossas vidas, que não é apenas histórico, mas também cósmico. Escondem de nós não apenas isso, mas também nossas relações com o poder e com os interesses escabrosos de um pequeno grupo de pessoas, que submete a humanidade a condições de vida inaceitáveis. Até mesmo, o direito à vida é negado. Isso está ocorrendo no Brasil e no mundo, para milhões de pessoas. Só no Brasil temos mais de 14 milhões de desempregados e outro tanto de subempregados. Os que sofrem e morrem pelas políticas desumanas que nos submetem são também milhões no Brasil e bilhões pelo mundo afora.
Essas questões são tratadas no meu novo livro, A perplexidade, que venho de editar. Sem abrirmos nossos horizontes para novos paradigmas, não chegaremos a conhecer as verdadeiras dimensões da grave crise que está levando nosso mundo ao caos.
Rio de Janeiro, 09/10/2017
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