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A bomba explode no colo de Dilma Rousseff
Arnaldo Mourthé
Dilma Rousseff foi eleita pelo PT, em 2010, em substituição a Lula, do qual ela havia sido ministra, da Energia e depois da Casa Civil, em substituição a José Dirceu envolvido no escândalo do Mensalão. Quando no Ministério da Energia ela havia sido presidente do Conselho de administração da Petrobrás. Em um quadro de instabilidade do PT, que teve suas principais lideranças envolvidas no escândalo do Mensalão, ela tornou-se a principal opção do partido para suceder a Lula que tornou-se seu cabo eleitoral Apesar do escândalo, Lula manteve seu prestígio de líder popular e conseguiu levar Dilma à vitória na primeira eleição que ela se candidatou; Foi um feito político extraordinário.
Sua administração seguiu o caminho das anteriores, de entregar a política econômica do governo aos banqueiros, principais interessados nas decisões dos ministros da Fazenda e do presidente do Banco Central. Continuou, portanto, a política suicida que começou com Fernando Henrique sobre a qual falamos no capítulo sobre o neoliberalismo.
Sua ação estava em contradição com sua história de resistência contra a ditadura. Com a redemocratização ela inscreveu-se no PDT. Como tal ela foi secretária de Minas e Energia no governo do Estado do Rio Grande do Sul, quando o petista de Olívio Dutra foi governador em 1999 fruto de uma aliança no Estado entre os dois partidos. Quando a aliança se desfez ela se recusou a deixar o governo desligando-se do PDT e se inscrevendo no PT. Nesse ato ela assumiu seu destino, seja para o êxito que ela alcançou, chegando a Presidente da República, seja pela decepção do impeachment.
A contradição entre sua condição de resistente, contra a ditadura militar, e sua adesão ao PT que a levou a adotar a política neoliberal contra os interesses do povo brasileiro, causou espanto por parte de muitas pessoas, inclusive eu. Quando ela resolveu fazer a concessão de áreas do Pré-sal, para empresas estrangeiras, eu escrevi um artigo questionando quem seria ela. Nele eu fiz um ligeiro retrospecto sobre a história do petróleo no Brasil, intitulado Lembrete à presidente Dilma Roussef. Nele eu pedi uma posição clara dela:
“E a senhora, presidente Dilma”?
“Está mesmo disposta a entregar aos gringos o Pré-sal e as áreas de exploração do petróleo que restaram, depois de sua alienação a preço de banana pelos entreguistas Fernando Henrique e Lula? Ou vai despertar a guerrilheira da COLINA e da VAR-Palmares, a quem o povo brasileiro confiou a Presidência da República?
“Qual o título que a senhora levará para a história”? A de entreguista ou a de guerrilheira-estadista, defensora da soberania nacional e do povo brasileiro?
“A escolha é de Vossa Excelência.”
Ela escolheu a primeira opção. Assumiu a responsabilidade das consequências que sua política traria, par o Brasil e para ela. Talvez pensando na impunidade, sob a alegação geral de “não haver alternativa”. De fato a alternativa poderia ser dolorosa, como o foi para Getúlio Vargas e para João Goulart. Mas coube a ela fazer a sua escolha. Se o fez para sua segurança fez a escolha errada. Quando a Operação Lava Jato revelou toda a corrupção que estava ocorrendo no Brasil, ela serviu de “bode expiatório” e foi cassada pelo impeachment.
Mas a corrupção não começou com o Lula. Na sua última versão, a de favorecer a política nefasta do capital financeiro internacional, ela já havia se revelado claramente e comprovadamente no Mensalão, com a compra de votos para as “reformas” contra os trabalhadores promovidas por Lula, e as ainda não plenamente reveladas na compra de votos, também no Parlamento, para aprovar as privatizações e a reeleição de Fernando Henrique. Na iminência da vinculação da corrupção com o projeto neoliberal, foi melhor para seus defensores oferecer em holocausto o sacrifício de Dilma, uma guerrilheira contra a ditadura, tentando restringir a corrupção à Petrobrás e às empresas de engenharia brasileiras, matando dois coelhos com uma cajadada só.
Isso porque a grande corrupção é a dos altos juros da dívida pública que foi construída para liquidar com a República, através do enfraquecimento do Estado e destruição dos serviços públicos. Se há dúvidas sobre isso, caro leitor, você poderá confirmar isso depois de conhecer a natureza e a realidade do poder que veio substituir Dilma e o PT. Prepare seu estômago, porque não será fácil saber tudo que vem a seguir nesse pequeno e singelo livro.
Rio de Janeiro, 05/01/2017.
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