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Educação ou adestramento?
Arnaldo Mourthé
Se refletirmos sobre a reforma da educação do Ensino Médio, instituída de forma imperial, através de uma Medida Provisória, podemos chegar a uma série de conclusões interessantes. A primeira coisa que nos vem à memória são os Atos Institucionais, baixados pela ditadura militar. A segunda é a estranheza de colocar 50% da carga horária dos estudantes, em apenas três matérias. A terceira é encontrar entre essas matérias privilegiadas uma língua estrangeira, como se a nossa não nos fosse suficiente para comunicarmos entre nós e com a humanidade: um reconhecimento explícito de inferioridade. A quarta é ser essa língua o inglês, quando nossos vizinhos mais próximos e mais identificados conosco falam o espanhol. A quinta é preterir a história, a geografia, a educação física e as atividades culturais, em prol de uma segunda língua, que é de interesse apenas de uma minoria, que tem nos Estados Unidos da América do Norte sua referência, acima da própria Pátria. A quem serve todos esses enganos, se é que o são? Talvez o objetivo seja aumentar nosso grau de dependência e de submissão a uma nação estrangeira e aos interesses que ela representa, e que não são os nossos.
Será se não existem outras opções de reformas do ensino? Claro que existem, e elas são as mais variadas. Cito, por exemplo, os Cieps (Centros Integrados de Educação Pública) criados no governo de Leonel Brizola no Rio de Janeiro sob a inspiração do genial professor e antropólogo Darcy Ribeiro. Essas escolas formaram centenas de milhares de cidadãos que deram, e ainda dão, grandes contribuições ao Brasil e ao seu povo. Por que não consultá-los, ou a alguns deles, que seja, sobre o que eles pensam de uma reforma de ensino. Quando os Cieps foram criados uma fabulosa campanha foi orquestrada contra eles. Alegava-se que as construções eram muito caras, uma mentira. Na verdade temia-se a educação do povo, por razões as mais diversas. Hoje podemos melhor compreender tudo isso, e essa Medida Provisória esdrúxula nos ajuda. Não se tratava apenas de combater o investimento na educação. Era preciso evitar que se formassem cidadãos. Esses são um perigo para os que pretendem que nossa condição seja colonial e não soberana.
Essa é a questão: não educar o aluno, mas adestrá-lo, para ele ser submisso a interesses, a vontades, a nações, a certos grupos financeiros que querem nos dominar, mas não apenas a nós, mas a todo o Planeta.
Devemos dizer um não à submissão e às intervenções descabidas nas nossas vidas e na nossa maneira de ser, de pessoas inabilitadas e defensoras de interesses contra a nossa nação, e que infelizmente nos governam. Simples assim!
Rio de Janeiro, 24 de setembro de 2016
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