Arquivos de março, 2018

27, março 2018 5:36
Por admin

Queremos uma sociedade de Paz e Fraternidade

“Querer é poder”

Arnaldo Mourthé

Estamos vivendo um momento de estranha calmaria social, com pequenas turbulências, produzidas pelo poder e pelos marginais que esse e outros poderes que o antecederam criaram. Nossa sociedade virou um teatro, melhor dizendo, um grande circo onde uma plateia perplexa assiste a um espetáculo de bufões, ora rindo, ora vaiando, raramente aplaudindo, pois decepcionada com o desempenho dos “artistas” do picadeiro suntuoso, mas decadente.

O espetáculo cai nas raias do ridículo quando o presidente da República se lança candidato, tendo mais de 70% de desaprovação contra 5% de apoio. E tenta convencer seu ministro das finanças a ser seu vice, logo ele que exigiu a destruição dos direitos dos trabalhadores, tentou destruir a Previdência Social e paga todos os dias dois bilhões de reais aos banqueiros, metade em dinheiro vivo, arrancado de uma população carente, e metade em novos títulos da dívida pública que só cresce e faz crescer a sangria da Nação.

A encenação envolve a grande mídia, que esconde a verdade e falseia informações, em retribuição à farta publicidade dos bancos, e das empresas estrangeiras e do agronegócio, que exportam produtos primários, dentre os quais o alimento que falta aqui para o pobre, arrecadando dólares que nem chegam a entrar no país, pois em grande parte é destinado a transferir lucros do capital estrangeiro obtidos em negócios e nos juros das dívidas pública e privada. Essas sangrias dos cofres do Estado e da Nação levam a duas consequências imediatas: à demolição do aparelho de Estado e dos seus serviços, e à alienação de estratégicos e valiosíssimos patrimônios públicos, o que faz do capital estrangeiro o maior poder no Brasil, inclusive maior que o Estado, pois o controla através da corrupção de governantes.

Essa é a sociedade que temos. Um amontoado de pessoas trabalhando, diuturnamente, quando conseguem emprego, para sobreviver e alimentar os cofres públicos com mais de um terço do nosso Produto Interno Bruto. Dos cofres da União escorrem metade de tudo que é arrecadado para distribuir aos bilionários daqui e do exterior, enquanto o buraco por onde vazam esses recursos só cresce com o aumento da dívida pública, em mais de 10% ao ano.

Essa sociedade, além de já injusta, está se tornando mais perversa. Ela se desmantela em um processo de regressão jamais visto na história da humanidade. Mas isso não acontece por acaso, nem é um fenômeno histórico recorrente como as crises anteriores do capitalismo, que trouxe sofrimento, não apenas pelo desemprego, a miséria e a fome. Pois elas foram a força motora de todas as guerras que aconteceram na Europa a partir de 1810 e depois se espalharam pelo mundo em guerras coloniais, culminando com as duas guerras mundiais do século XX.

O que estamos assistindo no Brasil é algo mais devastador. É uma ocupação maquiada por diversos artifícios, inclusive de alta tecnologia, que visa a dominação completa do Brasil tornando-nos uma colônia de novo tipo, uma colônia do capital financeiro, onde tudo pertence a poucos e a grande maioria da população será mão de obra mal remunerada numa sociedade de apartheid social, muito mais  cruel que o da África do Sul ou que a escravidão brasileira. Na sociedade escravista o senhor via o escravo como seu patrimônio e como tal cuidava dele, mantendo-o vivo e em condições de trabalhar para fazer crescer sua riqueza. Na que se pretende criar nem todo trabalhador será empregado. Restarão milhões como já existem, jogados à marginalidade pelo desemprego, para competir com aquele empregado, fazendo com que este aceite condições desumanas de trabalho.

Para que isso se viabilize sem revolta eles usam da repressão e incutem o medo na população. Utilizam para isso, além dos órgãos de repressão, e principalmente, a mídia corrompida para criar uma realidade fictícia que nos ilude, confunde e acomode, na esperança de um milagre que nos venha salvar da sanha dos que nos dominam. A cada fase do processo mudam o espetáculo para nos distrair e confundir. O espetáculo da corrupção é o maior deles. Curiosamente os maiores criminosos são poupados, mesmo que eles sejam visíveis, pois eles ocupam a Praça dos Três Poderes, o palco mais filmado do Brasil. O “crime organizado”, como eles chamam os traficantes de drogas, que a comercializam no varejo, foi transformado em outro espetáculo para nos distrair e, ao mesmo tempo, nos amedronta pelo aparato militar envolvido. É como usar um guindaste para levantar um prato ou um livro. A questão operacional das drogas está fora do Brasil e nas nossas fronteiras. Está nas organizações criminosas da sua produção e seu tráfico internacional. O nosso problema começa nas fronteiras, por onde elas e as armas de guerra entram. Nem uma nem outra coisa é produzida aqui dentro. O resto é manipulação para justificar a repressão e espalhar o medo.

Já agora, vêm com outro espetáculo, do qual já falamos acima: a eleição presidencial, como se eles a quisessem, o que não é verdade. Só se for para ser fraudada. Para isso não querem aplicar a lei que determina o voto impresso, que pode ser verificado, dificultando a fraude. Mesmo com ele a fraude pode ocorrer na totalização eletrônica, pois nem os segredos de Estado dos EUA estão a salvo, Veja o caso Snowden.

Visto esse quadro, sobre o qual já me debrucei demoradamente em dezenas de publicações, vamos à questão principal: que sociedade nos serve e nós queremos? Vou sugerir como roteiro três palavras, muito conhecida de todos nós: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, as legendas da Revolução Francesa. O que elas representam e o que elas têm a ver conosco. Vamos lá:

Liberdade – Ela é o nosso poder de escolha, de decisão. Eu faço ou não faço. Eu quero ou não quero. Ela é o instrumento que nos confere o poder de criar. É por isso que criamos. Mas, também, nos dá o poder de destruir. É por isso que podemos  destruir. Seu uso adequado nos faz criadores e cidadãos. Seu mal uso nos faz predadores ou lacaios.

Igualdade – Ela é uma condição. Ser um homem ou ser um coelho é uma condição. Na sua essência um homem é igual a outro homem. O mesmo ocorre com o coelho. Na aparência somos diferentes, o que chamamos diversidade ou individualidade. Na essência somos iguais. A ciência identifica essa igualdade pelo DNA. Cada espécie tem um DNA diferente, e uma grande variedade de genes que diferem um indivíduo do outro. Mas o homem, além do DNA, tem outra característica que o define e o distingue dos outros animais. Os filósofos a chamam de razão. Isso é verdade, mas apenas em parte. O homem tem outra distinção em relação aos animais, um “selo”, que os espiritualistas chamam de Chama Crística, que é desconhecida da maioria das pessoas, pois é alheia a nossa cultura dominante, tanto é que não consta do dicionário Aurélio.

Fraternidade – Ela é o afeto entre irmãos, amigos ou membros de uma comunidade. No espiritualismo ela é uma virtude fundamental, fruto do amor incondicional, pregado pelos budistas e pelos cristãos primitivos, que os novos cristãos chamam de “amor ao próximo”.

A sociedade que aí está desmoronando foi estruturada e é dirigida por uma “casta de senhores” que não reconhecem nenhuma dessas virtudes, com exceção da liberdade, mas apenas para eles próprios. Dessa forma sua tendência é para a tirania. Nela só o tirano é livre. Aquele que faz as leis para os outros cumprirem, enquanto ele faz o que bem quiser, incluindo mudar as leis que não lhe interessam. É dessa forma que a casta que dirige o Brasil está agindo. Ela é dominada por uma casta menor, mas muito mais poderosa, que controla as finanças e as grandes potências. Se os governos que a contrariam além de certo limite ela os destituem. Fazem isso por toda parte, até pelo assassinato. Aqui levaram Getúlio ao suicídio, derrubaram Jango com um golpe militar e Dilma como um golpe parlamentar.

A fase atual desse processo é o ataque final para transformar o Brasil em uma colônia como descrito acima. Enquanto isso, nós das classes médias, alguns nomeados intelectuais, juristas, filósofos, cientistas sociais, economistas e tantos títulos mais, nos acomodamos no nosso “conforto”, que nem sempre o é. A maioria, desorientada, enfrenta dificuldades incontáveis e são iludidas pela “casta” perversa que domina quase tudo pela corrupção. Chegou a hora de exigirmos nossos direitos sintetizados nas três palavras expressas acima, Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Se continuarmos no nosso precário conforto, só um milagre nos salvará. Sobre isso venho escrevendo há duas décadas. Meus mais recentes livros, que tratam com minúcias todas essas questões, foram editados pela Editora Mourthé e podem ser adquiridos pela internet. É o que pude fazer de melhor para enfrentar essa tragédia que aflige a todos os brasileiros. Se quisermos superar isso que está aí precisamos nos conscientizar e agir. Querer é poder.

Rio de Janeiro, 27/03/2018.

19, março 2018 4:06
Por admin

Chegou a hora da verdade

“A separação do joio do trigo”

Arnaldo Mourthé

A civilização humana chegou a um momento crucial de sua existência. Sempre houve desigualdade social nas várias etapas do processo civilizatório. Mas as relações entre os diferentes eram reguladas por crenças de diversas naturezas que evoluíram a partir da estrutura da família, a unidade básica da sociedade. Houve um tempo que o poder familiar era da mulher, geradora e responsável pelos filhos, o período do matriarcado. Mais tarde o poder passou para o homem, o principal provedor e o guerreiro que defendia a família. Com o desenvolvimento da comunidade criou-se um poder misto que se dividia entre o guerreiro e o sacerdote, interprete dos fenômenos da natureza. Com o sedentarismo e a agricultura ele se estruturou em classes, nobreza, sacerdotes e guerreiros.

O processo de mudanças foi longo e pleno de conflitos, pelo próprio poder e pela riqueza acumulada na medida do desenvolvimento do conhecimento de técnicas e ferramentas aplicadas na produção. Cada etapa correspondeu a uma forma de organização específica para a comunidade, depois a cidade e mais tarde a nação. Os registros confiáveis sobre tudo isso não são suficientes para o conhecimento de todo esse processo. Há fatos antigos que são desconhecidos. A arqueologia vem desvendando muitos mistérios sobre grandes construções da antiguidade para as quais não temos explicação. Sobre elas há mitos, teorias e especulações. Elas misturam lendas, religião, espiritualismo e ciência. Cada grupo tenta explicar a pré-história a seu modo. Na verdade a pré-história é uma caixa de mistérios. Há muito mais coisas a revelar que as conhecidas. Talvez, por isso é tão usada a frase de Shakespeare “Há mais segredos entre o céu e a terra que a vã filosofia dos homens pode imaginar”.

Mas há uma história na qual podemos confiar, desde que apreciada com critério e sem preconceitos, que nós chamamos de história da civilização. Ela mostra como a humanidade se organizou em cada fase de sua existência. Mas, por incrível que pareça, a história antiga contada é mais confiável que aquela de nossos dias, sobretudo em relação ao que aconteceu depois do Renascimento. Há muita verdade documentada, mas há também muita mentira e manipulação. Os interesses das classes dominantes deturparam a história. Mesclaram-na de fantasias que favorecem seus interesses. A mais escabrosa de todas as fantasias começou com a ideologia liberal, que ampara nossa “civilização” capitalista.

Em nome de combater os dogmas da Igreja Católica, que submeteu a Europa e parte do Oriente Médio por mil anos, regiões onde ela ainda têm grande influência, a burguesia, amparada no liberalismo, criou dogmas muito mais nocivos à humanidade que os da Igreja. Tudo para se apropriar da produção a mais que as necessidades da sociedade em um período dado. Essa apropriação obriga criar mercados incessantemente para consumir o excedente estocado, sem o que estoura uma crise econômica. Esse fenômeno ocorreu em toda a história a partir de 1810 até nossos dias. A crise que vivemos tem sua origem nessa apropriação cruel do excedente de produção por um pequeno grupo de famílias do mundo. Essa questão foi objeto de minha investigação e é revelada em diversos livros que escrevi a partir de 1998.

Não cabe em um artigo revelar toda a lógica dessa distorção ocorrida na história da sociedade humana, mas podemos denunciar sua principal consequência, a calamidade que presenciamos em todo o mundo, que no Brasil tornou-se dramática e se agrava a cada dia. Dito isso podemos ir aos fatos que justificam o título e o subtítulo desse artigo. Chegou a hora da verdade porque ocultá-la será a tragédia humana.

Na louca investida para criar mercados para o excedente de produção estocado, cada vez maior com o desenvolvimento da tecnologia, a burguesia lançou a humanidade em inúmeras guerras. Elas foram para queimar excedentes nos campos de batalha, sob a forma de equipamentos bélicos e artefatos destrutivos, e destruir países inteiros para serem depois reconstruídos. Ao transformar trabalhadores em soldados, eles conseguiram reduzir o desemprego produzido por suas crises. A reconstrução do que foi destruído gera um mercado novo. Toda essa operação gera lucro, ao lado da tragédia humana. Para justificar tamanha barbaridade foi ressuscitada a doutrina sofista grega, adotada pelos marqueteiros, para justificar a barbaria, como a defesa da democracia burguesa e da liberdade dos privilegiados, assim como o interesse nacional das metrópoles, em detrimento dos outros. Na Alemanha, Joseph Goebbels brilhava com sua propaganda nazista, definida por ele mesmo como “uma mentira dita mil vezes torna-se verdade”. Essa é orientação não revelada publicamente dada pelos senhores da informação aos seus “jornalistas” serviçais. No mundo político a mentira tornou-se “verdade”, em pronunciamentos eloquentes e arrogantes.

Tudo isso foi cria do lucro acumulado pela burguesia capitalista, arrancado do trabalho do ser humano e da destruição da Natureza. Mas tudo isso, já constatado pela história, é muito pouco se compararmos com o que está nos acontecendo hoje, aqui no Brasil especialmente. O mercado que não pode mais ser fornecido pela guerra foi substituído por vários artifícios que transformaram o modo de produção capitalista em um câncer que devora a sociedade e a Natureza. O dinheiro sem lastro foi emprestado a governos corruptos dos países periféricos para prepararem os países para receber suas empresas. Foram investidos em infraestrutura para favorecer a instalação de suas indústrias. Estas foram montadas com as sucatas da metrópole, de baixa produtividade, compensada pela espoliação desenfreada dos trabalhadores indefesos, camponeses expulsos de suas terras para implantação dos latifúndios do agronegócio.

Forçaram uma urbanização caótica para receber os expulsos da terra, que se instalaram em favelas, miseravelmente, para servir de “exército de reserva” para forçar para baixo os salários daqueles empregados, ainda que miseráveis. Ao lado do caos urbano formou-se o caos social. O desemprego, a fome, a moradia insalubre, a ignorância, doenças sem tratamento. Um quadro perfeito para a proliferação da criminalidade, que está servindo de desculpa para a liquidação do pouco que ainda existe do Estado de Bem Estar Social, iniciado por Getúlio Vargas.

Tudo isso foi fruto, no Brasil, de uma invasão silenciosa, falsamente pacífica, sob o manto da ordem e do progresso, adotado pela ditadura militar para criar as condições da ocupação, via empréstimos de dinheiro falso. Este se transformou na dívida pública que sangra o Estado, debilitando-o, massacrando os serviços públicos e degradando toda a sociedade. Não há país que possa despender 50% de sua arrecadação para pagar juros de uma dívida fraudulenta, que ainda aumenta, no valor aproximado dos juros pagos em dinheiro. A soma do pagamento em dinheiro e da emissão de novos títulos corresponde a dois bilhões de reais por dia. Ou seja, um valor correspondente a toda a arrecadação da União. Se o total do pagamento dos juros fosse em dinheiro não haveria recursos nem para pagar as despesas com a arrecadação dos impostos.

Agora ensaiam o ataque final do projeto de ocupação. Para isso necessitam de apoio militar, mas interno. Porque se fosse externo teriam que mandar aqui um milhão de homens para morrer, o que as sociedades mais ricas não aceitariam. Seria um Vietnam dez vezes maior que destruiria o poder burguês em todo o mundo.

Mas aqui também tem um povo brioso. Não aceita e não aceitará a ocupação do capital financeiro. Não retornaremos à escravidão do colonialismo. As tentativas de nos intimidar não sortirão efeito, mesmo com a execução de próceres políticos, como não nos intimidou a ditadura. Não adianta uma mídia venal para nos iludir. O povo brasileiro está se conscientizando e tomará nosso país nas mãos. Não há força que poderá impedir-nos de fazê-lo.

Agora vem um aviso: chegou a hora da verdade. Vamos separar o joio do trigo. Para isso vamos definir o que é o trigo e o que é o joio. Nossa sociedade tornou-se uma sociedade hipócrita pela mentira, pela desumanidade e pela discriminação de toda ordem. Nós sabemos a origem de tudo isso. Não ficará pedra sobre pedra do edifício macabro do poder do dinheiro roubado ou falso e da chantagem de uma dívida pública fabricada para destruir nosso Estado e nossos direitos. As mentiras dos meios de comunicação que visam nos imbecilizar e iludir com mentiras, promessas e fantasias não sortirão efeito. Nossos inimigos não nos derrotarão. Construiremos uma nova sociedade de PAZ E FRATERNIDADE, em substituição a essa que aí está, da guerra e do egoísmo. A sociedade da morte será substituída pela sociedade da vida.

Os nossos valores serão os espirituais, do amor, do perdão, da liberdade, da fraternidade, da igualdade, da boa vontade e, sobretudo da VERDADE. Aqueles que formarão essa sociedade são o trigo que nos alimenta. Os que querem nos dominar, nos humilhar e nos espoliar o joio que nos envenena e que será afastado de nós. Eles não mais nos impedirão de evoluirmos e  conquistarmos nossa LIBERDADE.

Rio de Janeiro, 19/03/2018.

16, março 2018 1:02
Por admin

Tentaram matar a verdade para matar nossa liberdade

Arnaldo Mourthé

Prezados amigos. Todos nós estamos chocados com a execução sumária da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes. Ocorrem todos os dias dezenas de mortes de cidadãos civis e policiais. Essa violência nos incomoda e até mesmo revolta, mas nos acomodamos. Os assassinatos dos cidadãos são explicados como frutos de assaltos ou balas perdidas. As dos policiais por confronto com bandidos ou acerto de contas. É um terror, mas a manipulação da informação nos leva a aceitar como se fossem naturais, frutos da maldade dos homens. Muitas vezes culpam a vítima. Estaria no lugar errado na hora errada. Uma deformação introduzida propositalmente no nosso pensamento.

Então, por que estamos chocados? Porque não assassinaram apenas mais duas pessoas. O objetivo foi assassinar a verdade que aquelas pessoas representavam. Com se fosse possível matar a verdade  .

Há cerca de dois mil anos um personagem que todos conhecem disse uma frase que explica nosso estado de espírito. Ela é: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Está aí a razão pela qual tentaram matar a verdade. Porque querem matar nossa liberdade.

Milito na política há cerca de 60 anos, desde quando entrei na Escola de Engenharia. Durante todo esse tempo estive à procura da verdade que traria minha liberdade. A verdade parcial que aprendi na política permitia apenas uma liberdade relativa das pessoas. Entretanto, agora nem essa liberdade relativa nos é permitida. Buscam exterminar com a nossa liberdade, duramente conquistada em séculos de lutas e sacrifícios. Quantos foram os exterminados por  buscarem a verdade e defenderem a liberdade. Muitos acabaram na cruz, na fogueira, na guilhotina, na forca. Agora os instrumentos preferidos são a bala e a bomba.

Apesar de todo o poderio que dispõem não o conseguirão. Essa proeza está longe das possibilidades desse governo das trevas que nos preside e das forças ocultas que o colocaram lá e o sustentam. A verdade não morre porque ela é a vida, não a vida precária dos humanos, mas a vida dos espíritos que somos na nossa essência.

Mataram Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, mas a verdade que eles defendiam está mais viva que nunca. Espalhou-se pelo Brasil e pelo mundo. Ninguém mais poderá alegar desconhecer a verdade que tentaram matar. Ela tornou-se mais forte porque não está limitada a um corpo físico, a uma memória e a uma vontade individual. Ela tornou-se pública e imortal, como são os espíritos dos assassinados. Eles iluminarão nosso povo que será  levado a escolher o caminho para sua libertação, que é a sua união.

É preciso saber que o poder que atua contra nós não pertence aos que buscam assassinar a verdade e nossa liberdade. Ele pertence a nós, que vivemos no Brasil ou em qualquer parte do mundo, porque ele está dentro de nós mesmos. O poder terreno, político ou não, institucionalizado ou não, pertence aos cidadãos de cada país, a toda humanidade.

Só há poder político quando ele é concedido pelos cidadãos. O contrário é a impostura e a tirania. Nosso presidente e todos seus ministros são impostores e conspiram para instalar uma tirania no Brasil. Transformar-nos em colônia do capital financeiro internacional.

Chegou a hora da verdade e do fim da impostura. Vamos destituir o governo da morte, regido pelo egoísmo, para estabelecermos o governo da vida, sustentado pela fraternidade.

Que assim seja, e será.

13, março 2018 6:39
Por admin

Prezados amigos,

Estamos vivendo o momento crítico da crise brasileira. Enquanto isso, assistimos conflitos que não levam a nada. O personalismo domina o quadro político, quando a questão é muito mais ampla. Ela é coletiva. Envolve toda a Nação. Estou lançando meus mais recentes livros, que tratam dessa questão e apontam uma saída da calamidade em que nos encontramos. Vocês estão convidados para esse evento.

Um grande abraço,

Arnaldo Mourthé

 

12:29
Por admin

Guerra ou paz?

A desordem mundial

Arnaldo Mourthé

Tolstoi imortalizou-se com seu livro Guerra e paz. Mas essa dicotomia só é válida para os tempos da dualidade, quando a convivência dos opostos era a condição de existência através da contradição entre eles. Essa questão é tratada pela dialética, método filosófico de análise das contradições no seio de tudo que existe desenvolvido por Hegel, No entanto há mudanças significativas nas relações humanas no Planeta. O que vivemos hoje é a desordem mundial.

Essa questão pode ser interpretada por alguns como complexa ou imprópria, porque, em tese, a dualidade existe e se manifesta pelas contradições que estão aí, por toda parte. Entretanto, ela não tem sentido pelas novas condições nas quais vivemos no nosso Planeta. Esssa questão pode ser analisada de duas maneiras, através do espiritualismo ou da geopolítica. A primeira eu deixo a critério do leitor interessado em investigá-la. Vamos tratar apenas da segunda, a do nosso mundo físico, a geopolítica.

A história da humanidade é escrita, em geral, como um relato. Neles afloram os fatos marcantes que produziram mudanças significativas e seus protagonistas, as figuras históricas. As causas que produziram os acontecimentos são apresentadas sempre como disputa de poder ou interesse econômico. Nesse quadro, destacam-se as guerras que aparecem como grandes feitos ou como tragédias. Seu desfecho trazia de novo a paz, sob as condições impostas pelo vencedor ou através de um “acordo de paz”, quando o embate se mostrava indefinido e, assim, desfavorável às duas partes.

Raros são os escritos que aprofundam a análise entre os contundentes, para apresentar as contradições dentro da sociedade como causas das guerras. Essa análise só foi possível com o uso da dialética. Assim ficamos sabendo que as guerras que aconteceram na Europa a partir do século XIX foram, todas, frutos das contradições do sistema capitalista. Elas foram apresentadas como causadas por disputas entre nações, o que não é toda a verdade. As guerras já ocorriam nos tempos primitivos entre tribos, depois entre os impérios da antiguidade e entre reinos anteriores ao domínio da sociedade pelo sistema capitalista. Suas razões quase sempre foram os interesses econômicos, das comunidades, ou políticos, dos detentores do poder. Depois que os capitalistas assumiram o poder foi diferente.

A burguesia capitalista conseguiu impor o conceito errôneo sobre as causas de suas guerras como sendo conflitos entre nações. Entretanto elas foram resultado das disputas por mercado e, ainda, para queimar estoques de mercadorias não vendáveis. Estas são uma parte do excedente da produção retido pelos capitalistas, por força da contradição criada pela apropriação privada dele, sob a forma do lucro. Ao mercado não é dada a condição de comprá-lo, por não dispor do dinheiro que se acumula nas mãos dos capitalistas.

A partir dessa conceituação ficamos em condições de analisar os conflitos políticos que assistimos nesse nosso tempo de perplexidade. As aberrações das relações entre classes e atividades sociais, assim como entre nações, não têm como causa principal os conflitos de interesses entre elas, mas o impasse do capitalismo sufocado por uma crise sem precedentes, por não dispor do remédio suficiente para a superação dela, uma grande guerra. Essa guerra tornou-se impensável, devido às armas nucleares que, acionadas, destruiriam a maior parte da humanidade e colocariam no primitivismo e no caos o restante dela. Sem esse remédio, o capitalismo não pode superar sua crise. Ele bem que tenta, através da ilusão financista, criando mercados fictícios para manter seu modo de produção, que degrada o meio ambiente e gera um grande excedente que se transforma no capital acumulado sem a realização em dinheiro do lucro que é obtido após a venda. Essa é a causa da dívida pública, e não o excesso de gastos do Estado.

O caso do Brasil é um exemplo marcante de um país que eles conceituam como uma tábua de salvação, melhor dizendo, de sobrevida, do capitalismo. Toda a parafernália de medidas econômicas e sociais que vêm sendo adotadas pelos governos do Brasil depois do golpe de 1964 tem sua origem na política de transformar o Brasil numa extensão do Império americano para atender às necessidades de mercado de suas empresas capitalistas e estabelecer uma base econômica e social para suportar a crise que se avizinhava.

Nos anos 70, houve um “aprimoramento” desse projeto macabro, apresentado como globalização, consubstanciado numa política de destruição do Estado de Bem Estar Social. Este fora criado para acomodar os conflitos sociais que se agravaram em seguida das grandes guerras mundiais, especialmente da segunda, a partir de 1945. Esse projeto miraculoso é o neoliberalismo, adotado no Brasil por Fernando Henrique, que obteve a complacência dos governos seguintes de Lula e de Dilma. Ele representa a entrega total, feita aos pedaços, da economia brasileira ao capital financeiro internacional.

O agravamento da crise mundial do capitalismo exigiu a aceleração da implantação desse projeto no Brasil. Essa foi a causa maior do empeachment de Dilma Rousseff, que deve ter resistido à sanha da decretação do fim dos direitos sociais do cidadão brasileiro. Daí a pressa do governo das trevas na aprovação das “reformas” trabalhista e da Previdência Social, assim como da privatização irresponsável das empresas estatais e de parte de nosso território, para dar ao capital estrangeiro o controle absoluto do país através da economia, especialmente das finanças alimentadas pela sangria do Estado brasileiro gerada pelos juros da dívida pública.

Diante da desmoralização do Presidente e de seu governo, está sendo criado um cenário de caos para justificar a implantação no Brasil de uma tirania, que poderá tomar a forma de um governo civil sustentado pelo aparato militar e pelo capital financeiro internacional. A partir daí desaparecia a Nação brasileira, que congrega nosso povo e nosso território. Ficaria no seu lugar uma colônia do capital financeiro. Qualquer caminho que possa viabilizar esse projeto macabro pode ser adotado pelo poder político atual, capacho dos interesses do capital financeiro internacional.

Para viabilizar a tirania, eles estão tentando dividir irremediavelmente a população brasileira, como se o conflito maior fosse entre Temer, o presidente impostor, mas constituído, e Lula, o líder político mais popular do Brasil, mas que não representa toda a Nação, nem tem a consciência necessária para resistir à investida do capital estrangeiro. Tanto é que não o fez quando estava no poder. As armas do inimigo são a tensão social, que divide a sociedade, o medo, que imobiliza o cidadão, e a desinformação que o aliena. Sua tática é prender Lula e melar as eleições. Nesse processo se envolve o Judiciário, cuja função limita-se à aplicação da lei, que é feita para proteger o statu quo, o governo das oligarquias nacionais, agora subordinado ao capital financeiro internacional, a quem as leis de proteção ao cidadão não convêm. Desmoralizam-se dessa forma todas nossas instituições republicanas, o Executivo e o Legislativo, pela corrupção, e o Judiciário, pela impotência.

Alguma coisa é preciso ser feita para evitar o êxito dos inimigos da nossa Pátria. O caminho correto, a nosso ver, é a busca da unidade da população. O dilema entre Temer e Lula é falso. Assim como o tráfico de droga nas favelas não é o principal problema no país. O crime organizado que desestabiliza nossa economia, nossas instituições, nossa sociedade, não está nas favelas do Rio de Janeiro. Ele está na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e recebe instruções da Cabala, organização criminosa que controla o sistema financeiro e tem seu quartel general mundial na Wall Street, em Nova Iorque.

Confundir os trabalhadores que habitam as comunidades faveladas com o crime organizado é um desrespeito à cidadania, não só deles, como de todos os brasileiros. Vasculhar suas casas, com a pressuposição de seu acumpliciamento com os criminosos, é violação de domicílio, uma ilegalidade e desumanidade.

Pretendem com isso alcançar o objetivo de amedrontar a população, para que ela fique submissa à impostura do governo, enquanto este entrega o Brasil aos donos do dinheiro que buscam corromper todos que obstaculizam seu plano de dominação. Ao mesmo tempo tentam jogar os brasileiros uns contra os outros, para nos dividir, enfraquecer-nos e dominar-nos. O que estão fazendo é uma operação de diversionismo, ou seja, dispersar nossos esforços para que nosso inimigo nos apanhe desprevenidos e enfraquecidos, por nossas divergências que não naturais, mas induzidas por ele.

Chegou a hora de darmos um basta a tudo isso e nos unirmos para a construção de uma nova sociedade de Paz e Fraternidade. Nossa proposta para virar o jogo a favor de nosso povo, do nosso Brasil, está no pequeno livro que estou lançando: Manifesto por uma sociedade de Paz e Fraternidade, que pode ser adquirido pelo site da Editora Mourthé: www.editoramourthe.com.br. Confio estar dando uma contribuição para superarmos a calamidade em que nos meteram. Conto com a boa vontade de cada um que se considere Brasileiro.

Rio de Janeiro, 11/03/2018

 

01, março 2018 2:07
Por admin

A sociedade capitalista desmorona

“O Rio de Janeiro continua lindo”!

Arnaldo Mourthé

Há uma campanha orquestrada contra o Rio de Janeiro. Aproveita-se da deterioração da administração do Estado para intervir na segurança pública, com uso das Forças Armadas, por motivos pouco claros. Não é preciso grande conhecimento sobre a questão da segurança para sentir que há uma manobra satânica por traz de tudo isso. Não necessito fazer qualquer demonstração sobre a inadequação da medida para resolver a questão a que ela se propõe. Muitas já foram as manifestações a respeito. Limito-me a citar o artigo, no relançamento de O Jornal do Brasil, em 25/02/2018, do advogado criminalista Nilo Batista, professor universitário e figura inquestionável como profissional do direito e cidadão. Ele foi vice-governador, quando exerceu a Secretaria de Polícia Civil, depois governador do Estado.

A medida do governo federal é uma excrescência, concebida por um tresloucado ou jogador audacioso na busca de uma solução para sua situação de calamidade pessoal. Mas pode e deve ser mais grave que isso. Temer preside um governo de faz de conta. Ele não governa. Apenas administra os interesses dos grandes investidores internacionais que desenvolvem, há muito tempo, um projeto de completa dominação do Brasil, no quadro de outro projeto maior, tresloucado, de conquistar o mundo e implantar a chamada “Nova Ordem Mundial”. Essa seria a desordem completa da sociedade humana, sua extinção enquanto sociedade organizada sob a forma republicana. Nela não haveria cidadania nem soberania nacional. A remuneração do trabalho seria miserável, como é a tendência no nosso país depois da destruição da legislação trabalhista. Os países seriam plataformas de produção. governados como um latifúndio por feitores e bate-paus, à semelhança do sistema escravistas dos primeiros séculos da formação do Brasil.

Colocada dessa maneira, a afirmação acima parece uma ficção, mas não é. Ela é um retrato fiel desse projeto, baseado nos princípios bem claros do liberalismo primitivo formulado nos primórdios da civilização industrial. Esse foi firmemente combatido pelo pensamento crítico dos filósofos do século XVIII, conhecidos como os iluministas, especialmente por Rousseau, autor do precioso livro O contrato social. Todas as ideologias que defenderam os trabalhadores, e não apenas os assalariados fabris, nasceram da necessidade de defender o ser humano das atrocidades da filosofia liberal e do modelo espoliador do modo capitalista de produção. Elas foram desenvolvidas a partir do pensamento crítico, de escolas filosóficas que buscavam a verdade, enquanto a sociedade capitalista se desenvolvia amparado na mentira.

Houve um grande embate filosófico e político que durou mais de dois séculos, enquanto ocorriam muitos conflitos, incluindo as grandes guerras mundiais que sacrificaram centenas de milhões de pessoas, entre mortos – inclusive em fornos crematórios – feridos, refugiados, prisioneiros torturados e enormes perdas materiais.            As guerras, não só mataram dezenas de milhões de pessoas, como destruíram nações, enquanto os capitalistas ficavam mais ricos com elas. Nada mais natural, pois elas foram feitas para queimar os estoques de mercadorias invendáveis, resultado da acumulação capitalista. Essa questão foi amplamente analisada no meu livro História e colapso da civilização, Editora Mourthé. 2012. O momento que estamos vivendo é o do colapso do sistema capitalista e da sociedade desumana que ele engendrou, do colapso da civilização.

Para tentar salvar o sistema, a grande burguesia, controladora do mercado financeiro mundial, fez renascer o liberalismo primitivo, no qual a liberdade é defendida apenas para o capitalista, renegando as outras classes sociais a posições subalternas, desde serviçais de alta estirpe, regiamente pagos para administrar seus negócios e sua política, até os escravos que produziram as riquezas nas colônias das Américas no período do mercantilismo e fizeram enriquecer comerciantes e banqueiros e, ainda, financiaram a Revolução Industrial na Inglaterra, fazendo dela o maior império colonial do Planeta, onde o sol nunca se punha.

A Revolução Industrial, que potencializou e diversificou o sistema produtivo, gerou muitas necessidades que exigiam profissionais especializados, conhecimentos técnicos e científicos, administradores e gestores. Foi necessário ampliar o aparato estatal e todos os serviços complementares à produção. Esses novos profissionais, em função de suas tarefas, tiveram maior ou menor remuneração. Formou-se uma classe intermediária entre os capitalistas e seus operários que executaram suas tarefas nas unidades produtivas. Daí surgiu uma grande classe média, que a grande burguesia educou para seus serviçais privilegiados, no processo espoliativo da mão de obra e da Natureza. Aos operários e prestadores de serviços manuais foi reservada a miséria e à classe média uma vida mediana, como seu próprio nome indica. Esse foi o quadro social daqueles que se ocupavam, direta ou indiretamente, das atividades produtivas e de serviços. Assim se formou a sociedade capitalista na qual vivemos. A inteligência humana não se conformou com essa sociedade de desiguais. Houve conflitos de interesses e grandes embates.

A história do poder político da burguesia começou pela Inglaterra, numa aliança com a nobreza, através do rei Carlos I, quando da restauração do poder real, em 1660, depois da morte do líder revolucionário Cromwel. Carlos I era um absolutista, mas seu reino precisava, para governar, do poder econômico da burguesia. Esse governo de coalizão de interesses deu início à civilização industrial que agora agoniza. A partir dessa aliança, a monarquia constitucional, a burguesia usou o Estado para conquistar mercados para seus produtos.

A concorrência com a produção artesanal foi demolidora dentro da Inglaterra e, depois, fora dela com a expansão do capitalismo pela Europa. Logo ocorreram os embates da concorrência por mercados, já que o capitalismo para sobreviver precisa continuamente de novos mercados. Desses embates surgiram tensões que se deterioraram em guerras. Essas destruíam aquilo que os capitalistas produziam, gerando lucro para eles. As guerras são destrutivas para os povos, mas lucrativas para os capitalistas, uma fonte para desovar seus estoques retidos por sua contradição interna, a da acumulação capitalista, e pagas por todos, pelos cidadãos e Estados, ou seja, pela população que paga os impostos. O lucro retido pelo capitalista produz um desequilíbrio entre o custo e o preço da mercadoria colocada à venda. Esse desequilíbrio gera os estoques não vendáveis, que necessitam mercados novos para sua colocação. Na sua ausência, a solução é o financiamento ao consumidor, que gera juros e enriquece os banqueiros. A necessidade de novos mercados levou ao colonialismo e às guerras. O financiamento do consumidor levou à inadimplência e à crise financeira.

As bombas atômicas que destruíram Hiroshima e Nagasaki criaram um grande problema para a solução das crises do capitalismo. A guerra tornou-se um risco de destruição da humanidade. Sem uma grande guerra, o capitalismo, por sua natureza concentradora de capital, não tem mais como superar suas crises através da dissipação nos campos de batalha dos estoques acumulados,. O capitalismo entrou em crise sistêmica. Não há mais como sustentar a sociedade plural formada nos confrontos de interesses entre classes sociais e nações.

Como um coelho retirado da cartola, os ideólogos do liberalismo formularam aquilo que eles denominaram neoliberalismo. Um modelo que liquida o Estado de Bem Estar Social, conquistado pelas lutas das sociedades, em especial após as catástrofes das grandes crises e guerras mundiais. O neoliberalismo gestou um modelo de sociedade que liquida a cidadania e a soberania nacional, ou seja, a República. Rompe as fronteiras dos países buscando transformar as nações em colônias e suas populações em servos ou escravos, como existiu no colonialismo. O mundo dele seria aquele sem fronteira ente nações, mas com liberdade restrita para o ser humano. Para o proprietário, seu capital e suas mercadorias, não há fronteiras. Para o cidadão elas continuam existindo, com revistas humilhantes e até muros. Foi esse sistema que conduziu à concentração da riqueza nas mãos dos grandes capitalistas e ao endividamento dos países, subordinando-os a seus credores.

Segundo o FMI, as dívidas privadas e públicas mundiais correspondiam em 2015 a 2,55 vezes o PIB mundial. As dívidas públicas respondem por 85% do PIB, enquanto as dívidas privadas, de pessoas físicas e jurídicas, montam a 100 trilhões de dólares. Ou seja, 2,55 vezes aquilo que todo o mundo produz em um ano, pertencia ao capital financeiro em 2015. Esse valor só aumenta. A propriedade de todos esses créditos torna um pequeno grupo de investidores senhores das finanças, da economia e da vida das nações, através de seus governos submissos, pela pressão dos credores e pela corrupção patrocinada por eles.

Nossa dívida pública nos custa, em juros, 50% do orçamento da União, desorganizando a administração e os serviços públicos. O Tesouro Nacional gasta, por dia, um bilhão de reais de juros e emite outro bilhão de reais de títulos, apenas para pagamento dos juros da dívida. Os estados e municípios atrasam os pagamentos dos seus funcionários e têm seus serviços deteriorados por penúria financeira. Essa situação faz o governo ajoelhar-se face aos  credores. Essa é a causa principal da crise da segurança em quase todo o Brasil. No entanto, não se vê nenhuma menção na mídia sobre os segredos dessa calamidade. Na verdade, nossa dívida tem sido parte essencial do projeto de transformar-nos numa colônia. A intervenção federal no Rio de Janeiro também faz parte dessa trama. A missão de Temer, o impostor, é a de transformar o Brasil em um grande latifúndio dominado pelos donos do capital, uma máfia, pior que isso, pois são eles os criadores da máfia e de toda sorte de sociedades, secretas ou não, que visam colonizar todo o planeta.

O nosso maior inimigo não são as quadrilhas que operam nos bairros pobres, onde moram trabalhadores mal remunerados e marginais da economia, todos apartados da sociedade pelo desemprego e pelos salários miseráveis, quando conseguem emprego. Os bandidos, que os potentados chamam de “crime organizado”, são pobres diabos produzidos por uma sociedade perversa que despreza o ser humano. Os cidadãos não estão na origem dessa perversão. Aqueles que cumprem seus deveres na sociedade, de trabalhar e acatar as leis e a moral vigente, não são responsáveis por isso. Eles são vítimas, pois são desinformados, alienados, por um aparelho de propaganda perverso. O grande capital controla tudo, especialmente a comunicação. Usa a mídia para desinformar a população e submetê-la a seus interesses, e os meios de comunicação eletrônicos entre as pessoas para espioná-las. Eles materializaram as previsões do escritor George Orwell, autor do livro O grande irmão, cujo personagem principal é o sistema que controla todos os passos das pessoas. O grande irmão atual quer nos controlar com chips, através do documento de identidade único, que poderá localizar-nos a qualquer momento. Tentarão controlar até mesmo nosso pensamento.

O crime organizado está no sistema financeiro, no nosso governo, infelizmente, e na mídia que difunde o medo. Este imobiliza as pessoas e impede que elas tenham pleno poder de raciocínio, e se sintam inseguras para tomar decisões. Assim se deixam enganar. Pensam ser mais seguro seguir os conselhos da mídia mercenária a serviço do dominador. O que estão fazendo, sob a desculpa de proteger as pessoas do crime organizado é, na verdade, uma armadilha para captar as pessoas, retirar delas qualquer capacidade de movimento e de discernimento para conhecer a verdade. Isso me faz lembrar uma frase pronunciada há dois mil anos por Jesus de Nazaré: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.

Rio de Janeiro, 28/02/2018

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