Que fazer diante de tanta calamidade?
Arnaldo Mourthé
Se esperarmos por um “salvador da Pátria” não haverá mais Pátria para ser salva. Essa é a realidade que se nos apresenta. Que fazer?
Essa é uma questão que me incomoda desde que tomei conhecimento de uma doutrina chamada neoliberalismo, por volta de meados dos anos 90. Depois de muito pesquisar resolvi escrever um livro que levou o nome de O capitalismo enlouqueceu. Desde lá para cá tento me informar sobre essa monstruosidade ideológica que nos foi incutida por uma imprensa mercenária e uma casta política e empresarial corrupta. Não cabe agora contar essa história. Mas, em certo momento me senti no dever de renunciar à política partidária e procurar uma forma de lutar contra a calamidade que se anunciava. Virei pesquisador da história e escritor. Fiz o que pude, mas não alcancei o que esperava: despertar as pessoas para o perigo que se avizinhava.
Agora, a calamidade está aí, instalada nos poderes da República e alimentada pela corrupção. A casta escravista, viciada por 350 anos de escravidão, retorna ao poder para restabelecer o único mundo que ela conhece, o da prepotência e da submissão dos outros, que ela só vê como instrumentos e não como pessoas.
Como enfrentar essa situação? Os brasileiros estão perplexos. A ilusão que lhes vem sendo incutida, por essa elite covarde formada da exploração do trabalho escravo, bloqueia nosso pensamento, deixando-nos indefesos. Ela nunca se sentiu brasileira. Sua vida sempre foi seus negócios, de apaniguados do poder, aliados às aves de rapina do comércio internacional. Sempre foram apátridas e insensíveis em relação aos problemas da população. Paralelamente à ação das castas da rapinagem, foi sendo criada uma Nação aberta à humanidade para onde puderam vir povos de todo o mundo, gerando um povo diversificado que muito bem representa a humanidade. Há uma guerra não declarada contra essa Nação, por forças internacionais aliadas às castas exploradoras de nossa gente.
Já disse tudo que deveria dizer sobre isso nos diversos livros que publiquei. Mas foram poucos ou ouvidos abertos às advertências fundadas nos trabalhos extensos, intensos e meticulosos de poucos bravos brasileiros, entre os quais me incluo. Acabamos caindo na arapuca que nos foi armada pelo capital financeiro internacional aliado à casta calhorda que suga nosso Brasil. Que fazer?
É preciso resistir à rapinagem e a corrupção que é seu instrumento. Mas também é preciso combater a propaganda que sustenta a rapinagem, através de uma mídia mercenária e de marqueteiros sem escrúpulos. Mas como fazê-lo?
Estamos vivendo um momento muito especial. O sistema, que submete todos os humanos, está instituído sobre ideias que não correspondem mais às necessidades da humanidade. É preciso humanizar o mundo. Não nos mesmos termos do humanismo do Renascimento, voltado para o individualismo. Mas reconhecer a igualdade de todos os humanos por serem iguais na sua essência. Não ver a diversidade como defeito, mas como virtude. Pois foi ela que nos permitiu sobreviver ao longo de nossa evolução. É preciso reconhecer que o ser humano foi criado para ser livre, e não escravo. Mas há muito mais a fazer.
Queiramos ou não, nós somos frutos do meio em que vivemos, não apenas o material, mas também o espiritual. Afinal, apesar de sermos animais, não agimos por instinto, mas pela razão. Nós temos vontade e livre arbítrio, mesmo quando não somos muito conscientes. E a consciência é o aspecto mais importante para nossa sobrevivência nessa situação de calamidade em que nos encontramos. É fundamental que desenvolvamos nossa consciência. Que nos desembaracemos das amarras mentais que nos submetem a interesses nefastos de pessoas inescrupulosas. É essa a questão central sobre a qual devemos nos debruçar.
Infelizmente, o desenvolvimento espiritual da humanidade não acompanhou o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Dispomos de uma capacidade destrutiva que ameaça a humanidade e mesmo a vida sobre a Terra, em mãos de pessoas irresponsáveis que só pensam em dominar. Não existe mais a sociedade do diálogo, que permitiu, apesar da obtusidade da burguesia capitalista, o Estado de Bem Estar Social, conquistado a duras penas por aqueles que vivem de seu trabalho. Hoje, a “riqueza” vem sendo adquirida através dos rendimentos sem produção, em especial dos juros. A dívida pública criada para alimentar e guardar essa riqueza, que não pertence ao mundo produtivo, vem sendo usada para submeter Nações e degradar a vida das pessoas
Mas tudo isso tem solução, que é a nossa conscientização. É urgente sabermos sobre a natureza dessa calamidade que estamos vivendo. Não basta as explicações convencionais próprias da política e da diplomacia: o diálogo. Mas o diálogo não é algo unilateral. Ele depende de pelo menos duas partes. A parte que está encima não quer o diálogo. Sua postura é de imposição. Sempre com uma desculpa fajuta, como “fazer a reforma da Previdência agora, ou ter que fazê-la amanhã em condições piores”. Eles sabem que o problema financeiro da União não é a Previdência, mas os juros da dívida pública. Mas esse, para eles, é intocável. É o dinheiro do patrão, do “deus” “mercado”. Uma desfaçatez estarrecedora.
Diante de tudo isso, resolvi escrever um livro que tratasse das questões do pensamento humano e de seu comportamento, envolvendo, história, filosofia e ideologia. Hoje, estamos submetidos integralmente à ideologia do banqueiro, o neoliberalismo. Precisamos combatê-la. Se quisermos que nossos filhos e netos tenham uma Pátria, é preciso nos conscientizar da situação em que nos encontramos. Eu tento fazer a minha parte. No último dia 27, lancei um livro sobre essa questão, “A perplexidade”. Se você tiver interesse em comprá-lo, poderá fazê-lo pelo e-mail ou pelo site da Editora Mourthé: contato@editoramourthe.com.br e www.editoramourthe.com.br.
Rio de Janeiro, 31/10/2017.