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11, janeiro 2018 2:46
Por admin

(A título do retorno da febre amarela)

Arnaldo Mourthé

Somos surpreendidos a cada dia com situações negativas que envolvem nossa sociedade – e cada um de nós -, nossa Nação e nossa Natureza.

Na nossa sociedade essas ações negativas que afetam as pessoas são mais facilmente identificadas. Elas partem principalmente de agentes ativos bastante aparentes: do poder político, da mídia e das corporações econômicas. Há outros agentes, mas estão todos em íntimas relações com esses três. A sociedade já identificou como inimigos os corruptos políticos que dominam os poderes federais, Executivo e Legislativo, que praticam, indevidamente, em nosso nome, atos que afetam o futuro de todos nós. Mas há outros inimigos mais perigosos ainda.

As ações contra a Natureza, que também nos atingem, vêm disfarçadas em progresso ou em necessidades da economia. Seus impactos são incalculáveis, não sendo passíveis de serem medidos monetariamente. Muitos deles são irrecuperáveis, uma tragédia que nos atinge todos os dias, sem que saibamos suas origem e suas consequências. Sacrificam as riquezas naturais da flora, da fauna e o próprio equilíbrio da vida no planeta.

Esse quadro é extremamente preocupante. É preciso que tomemos consciência desses danos e de suas causas, especialmente daquelas que estão na origem do conjunto desses atos nefastos que trazem a desordem e o sofrimento.

Agora nos deparamos com outro surto da febre amarela, que causa pânico na população enquanto as autoridades não têm, nem mesmo, as vacinas necessárias para atender a toda a população em risco. Já tratam de fracionar as vacinas. Poderemos confiar na sua eficácia? Há quem a possa confirmar?

A história do retorno da febre amarela às áreas mais populosas do país nos indica que sua origem está no desastre ambiental provocado pela mineradora SAMARCO, no vale do Rio Doce. Os detritos armazenados na sua barragem rompida poluíram os cursos d’água matando peixes e sapos, predadores do mosquito vetor da doença. Esses proliferaram, aumentando sua capacidade de transmitir a doenças entre macacos, em escala exponencial, contaminando outros mosquitos que a levaram ao homem. O homem deslocou-se e contaminou outros mosquitos que difundiram a doença na população. Na sequência tornou-se uma epidemia, de uma doença que havia sido extinta entre os humanos no Brasil.

Esse é o relato dos especialistas. Eles identificam os vilões dessa doença como sendo “o vírus que a provoca e o homem que destrói a Natureza”. Eles estão corretos. Mas o maior vilão fica escondido. É aquele que está por detrás da SAMARCO, a predadora, reconhecida como tal por todos. O grande vilão não está apenas nessa empresa. Está em muitos outros lugares, podemos dizer: por toda parte. Está também no agronegócio, com seus latifúndios da monocultura para a exportação de cereais e proteínas.

Os dólares obtidos pelo agronegócio são imediatamente entregues aos investidores estrangeiros no Brasil, que os compram com recursos obtidos aqui de lucros e juros. Para produzir o que é exportado, o agronegócio não destrói apenas as florestas e a fauna que elas abrigam, Ele muda o regime do movimento das águas na Natureza. Desprotege o solo que é erodido pelas chuvas. As águas, que infiltrariam no solo protegido pela vegetação, escoam rapidamente, produzindo erosão, assoreando o sistema fluvial e provocando enchentes jamais vistas. Uma destruição sistemática. A água deixa de infiltrar no solo, onde fica guardada no lençol freático, que alimenta o sistema fluvial nos períodos de estiagem. O resultado são as secas que afligem as populações pela falta d’água para sua sobrevivência. A Natureza torna-se desequilibrada. Ela reage à sua maneira, com mudanças climáticas, tempestades, inundações e secas mais severas. Toda a população concernida padece.

Ao lado da poluição da Natureza, cria-se assim um círculo vicioso da descapitalização do país, que se condena à penúria permanente e à dependência do capital de fora para investimentos. Nesse processo ele vai se apropriando de tudo, enquanto o Brasil vai perdendo sua soberania. A função das mineradoras é da mesma natureza. Outras atividades econômicas, controladas pelo capital estrangeiro, exercem também esse papel, muitas delas também poluentes.

As grandes cidades padecem de forte poluição e de um trânsito desumano, onde o cidadão consome muitas horas em transporte a cada dia, tempo esse que deixa de dedicar à sua família ou a estudos e ao descanso, aumentando a tensão social e as doenças na população. O aumento do número de automóveis, em detrimento de um transporte público de qualidade, especialmente trem e metrô, multiplica a poluição e prejudica a qualidade de vida das populações urbanas.

Até nossa privacidade é violada pela desfaçatez dos vendedores dos “call centers”, retirando-nos dos nossos afazeres, ou repouso, para atender a ofertas de produtos que não desejamos, mexendo com nosso sistema nervoso. Nem nossa tranquilidade doméstica é respeitada. E o pior é que os maiores incômodos vêm das concessionárias do serviço público da telefonia,  que deveriam respeitar seus usuários que são a origem do poder que lhes fez a concessão. Estamos realmente vivendo em um mundo da desordem e da subversão de valores.

Todas essas questões são tratadas como se fossem questões isoladas, com medidas específicas que não atendem às necessidades das pessoas. Mas elas são frutos de um sistema econômico, que no Brasil é agravado pela sangria de nosso capital. Até nossos impostos alimentam esse quadro pernicioso e devastador. 50% do orçamento da União é drenado para essa espoliação através do sistema bancário, enquanto nossa dívida pública só faz crescer. Tudo isso compromete nosso desenvolvimento, nossa qualidade de vida, reduz postos de trabalho criando milhões de desempregados. Nosso futuro, enquanto nação soberana, está ameaçado.

Rio de Janeiro, 10/01/2018


 

08, janeiro 2018 12:34
Por admin

O excedente de produção no capitalismo

Arnaldo Mourthé

O modo de produção capitalista estabeleceu que a apropriação do excedente fosse feita pelo capitalista, sob a forma de pessoa física ou jurídica. Isso se dá porque o capitalista é o dono da mercadoria fabricada por outros, seus assalariados. Na sociedade que o antecedeu, o sistema feudal, os camponeses ou artesãos que aplicavam seu trabalho na produção da mercadoria eram seus donos. Eles pagavam tributos às autoridades, mas o produto pertencia a eles e eram eles que o vendiam ou trocavam por outra mercadoria, para satisfazer suas necessidades. No sistema capitalista, o patrão torna-se dono da mercadoria, porque arca com todas as despesas de sua produção. Para ter lucro na operação ele precisa vender a mercadoria por um preço maior que seu custo. Do contrário não haveria sentido produzi-la. Mas, seu preço não pode ser superior ao do mercado, pois seria invendável. Como resolver esse problema? Há duas maneiras: fazer o assalariado trabalhar mais tempo que o necessário para produzir o valor de seu trabalho, ou criar condições para aumentar a produtividade do trabalhador, em relação ao do concorrente, inicialmente um artesão.

Nos primórdios da indústria capitalista, a tecnologia aplicada era a mesma da do artesão. Logo, a mercadoria produzida pelo capitalista teria o mesmo custo da do artesão, caso seu assalariado trabalhasse o mesmo tempo do artesão e recebesse a mesma remuneração. Por isso os assalariados das primeiras indústrias na Inglaterra trabalhavam 16 horas por dia, o que o artesão não fazia. Este só trabalhava à luz do dia, período no qual exercia outras atividades. A espoliação desumana foi que deu origem ao capitalismo industrial. Além disso, o salário era insuficiente para sustentar uma família, o que obrigava a mulher ou do filho trabalhar. Tornou-se tradição  na Inglaterra, naquela época, as paróquias darem às famílias dos operários uma sopa no fim de semana para complementar sua alimentação.

A redução do horário de trabalho só ocorreu com a invenção de máquinas que aumentaram a produtividade. A Revolução Industrial, nos meados do século XVIII, deu um salto gigantesco na produtividade, mas a redução do horário de trabalho e a limitação do trabalho infantil só ocorreram através de ferrenhas lutas. No dia 16 de agosto de 1819, ocorreu uma manifestação de 60 a 80 mil operários em Manchester, que foi dissolvida a patadas de cavalos e ficou conhecida como o “massacre de Peterloo”. Esse é apenas um exemplo de uma infinidade de atrocidades cometidas contra as reivindicações legítimas dos trabalhadores.

Feita essa introdução, vamos à essência da questão do excedente de produção.

Foi o uso de instrumentos e armas para a caça que permitiu ao homem primitivo produzir além do necessário para sustentar sua família e suas comunidades. Esse processo continua até hoje. A produtividade provém da invenção de novos instrumentos, que multiplicam o efeito da nossa força de trabalho. Os animais também foram e ainda são utilizados com essa finalidade. As conquistas da ciência depois da Revolução Industrial e o desenvolvimento de novas tecnologias continuam aumentando nossa produtividade, em escala exponencial. Todos os investimentos que permitiram essa evolução têm sua origem no aumento da produtividade, que acompanha a do conhecimento que os homens vêm adquirindo ao longo da história.

Até o surgimento do capitalismo o excedente de produção, gerado por essa evolução, era distribuído e investido com critérios de cada sociedade organizada, em tribos, cidades estados, impérios, reinos. Cada uma delas com sua estrutura social própria, algumas mais igualitárias, outras menos, até mesmo tirânicas. Mas sempre de acordo com uma organização social bem definida. Com isso a humanidade evoluiu,, embora aos trancos e barrancos, inclusive no plano espiritual com seus valores éticos e morais.

Na sociedade moderna, condicionada pelo modo de produção capitalista, onde a apropriação do excedente de produção de mercadorias é privada, a história nos indica uma acentuação dos conflitos, sejam eles no seio da sociedade ou entre as nações. Esse fato é decorrente de ser individual a decisão do investimento do excedente, do capitalista, ou corporativo, de um grupo de capitalistas. Na sociedade, a grande maioria da população é excluída do processo decisório. Pode-se alegar a existência de um Estado de Direito, que regula esse processo. Mas esse Estado, chamado também de democrático, tem pouco de democrático e o direito é seletivo. Ele é dominado pela ideologia capitalista, o liberalismo. Essa cria uma grande ilusão na população, sobre a natureza da sociedade, para dar a impressão que ela corresponde aos nomes que leva. Mas isso é uma falsidade.  O Estado que temos é de classe, dos capitalistas, e não do povo, não uma República, como definiu Rousseau com grande propriedade. No sistema capitalista a república é uma farsa.

Foi essa sociedade que herdou o colonialismo iniciado pelos reinos, e infelicitou dezenas de países do mundo e bilhões de pessoas submetidas à espoliação e ao sofrimento. Foi ela que produziu as guerras que a história registra, tragédias impensáveis nas relações entre os humanos. Centenas de milhões de vidas se perderam nesse processo, além dos feridos, doentes, refugiados. No Brasil esse processo durou três séculos e produziu uma sociedade escravista e preconceituosa.

Hoje nós não vemos com essa rudeza o mundo em que vivemos, porque ao longo desse processo as pessoas mais lúcidas e as classes sociais mais sofridas reagiram, cada uma à sua maneira, conquistando direitos sociais. Houve lutas de massas, revoltas, revoluções. Houve uma forte reação no plano do pensamento. A mente humana desenvolveu nesse período seus instrumentos para construir um mundo melhor através da filosofia, das artes e da ciência. O pensamento crítico grego que foi retomado na Europa, produziu o Renascimento. Ele foi usado de forma magistral pelos iluministas franceses e outros filósofos que os sucederam, como Kant, Hegel, Marx e muitos outros, o que permitiu unir intelectuais e trabalhadores para humanizar o Estado burguês, que chegou a alcançar um nível de civilidade considerável com o Estado de Bem Estar Social, como é praticado nos países nórdicos da Europa. Todas essas conquistas foram obtidas com muita luta e muito sacrifício, mesmo sem considerar a tragédia das guerras mundiais, de conquistas de territórios e de deposição de governos populares.

Mas, o capitalismo não aceita mais o Estado de Bem Estar Social, nessa fase de sua decadência, à beira da extinção. Ele tem um  novo projeto, o  neoliberal, que outra coisa não é que o retorno ao liberalismo primitivo, da desigualdade e da liberdade apenas para o capitalista. Isso se deve à impossibilidade do sistema sobreviver sem as guerras, que queimam parte do excedente de produção acumulado em suas mãos. Mas esse não é um ato de renúncia, pois o Estado é quem paga as guerras, com o dinheiro produzido com o trabalho do cidadão, enquanto os capitalistas faturam seu lucro, vendendo seus estoques de mercadorias e armas.

Os burgueses capitalistas pensam ser possível substituir o Estado de Bem Estar Social por uma nova forma de colonialismo, onde não existirão as figuras da República, nem do Cidadão que lhe dá origem. Um projeto tresloucado que é preciso barrar. Ele está sendo construído com o endividamento do Estado e seu desmantelamento junto com o dos direitos do cidadão. A humanidade, no conceito deles, não é mais que instrumento de produção e de consumo para realizar seus lucros. Cuide-se o capitalismo enlouqueceu. Este é o título de um livro meu publicado em 1999.

Todas as ações do governo Temer estão em conformidade com esse plano macabro de submeter o Brasil, através da demolição do Estado e dos direitos republicanos inseridos nele. O método utilizado é a corrupção dos políticos, que fazem as leis, e dos meios de comunicação,que alienam a população através de mentiras, mitificações, e diversões desvinculadas de nossas tradições culturais. Nós hoje somos um país ocupado. Não por tropas militares, mas pelo poder do dinheiro falso, que desorganiza nossa economia e corrompe aqueles que deveriam estar defendendo a Nação. Mas, na realidade eles estão vendendo-a pelas migalhas que recebem por serem serviçais do capital. Essa venda é feita em fatias para despistar seu objetivo.

Para melhor compreensão de tudo isso é preciso mais algumas informações sobre a natureza do modo de produção capitalista. Vamos analisar essa questão.

Rio de Janeiro, 07/01/2017

 

04, janeiro 2018 10:07
Por admin

            O segredo do colapso da civilização que estamos assistindo é a submissão de toda a sociedade ao poder do dinheiro falso – sem lastro ou produzido fora da atividade produtiva -. Os juros da dívida pública são a principal fonte desse dinheiro falso no Brasil.

Vejamos como isso aconteceu e como esse dinheiro destrói a economia, marginaliza populações inteiras, destrói o Estado e leva a civilização ao colapso.

O professor Lauro Campos, no seu livro A crise completa – A economia política do não, observa que a história da evolução do sistema capitalista tem três fases. Na primeira, predomina a produção para o consumo; na segunda a produção de meios de produção; e na terceira a produção de não mercadorias. Na sua análise, chama a produção de meios de produção de departamento I, a produção para o consumo de departamento II e a produção de não mercadorias de departamento III. Essa numeração dos departamentos obedece à lógica da produção e não às fases históricas citadas, pelo fato que a fabricação das máquinas é anterior à fabricação de mercadorias para o consumo. Esses dois primeiros departamentos representam o capitalismo voltado para o desenvolvimento das forças produtivas. Eles atendem ao consumo e à produção de meios de produção, ou seja, às necessidades humanas. Já o departamento III é apenas um artifício para aumentar as vendas dos departamentos anteriores. Ele produz instrumentos de destruição voltados para dissipar mercadorias, como as armas de guerra, ou bens que não se destinam ao mercado, como obras de infraestrutura, a pesquisa espacial e outras congêneres.

É interessante observar que o departamento III trabalha para o Estado, pois não produz para o mercado convencional, empresas ou consumidores. Mas ele não surgiu apenas pela vontade de um capitalista, de um governante ou de governantes, mas pela necessidade do capitalismo, como sistema, dissipar a produção para superar suas crises de consumo. O New Deal de Roosevelt e Keynes trouxe à luz a incapacidade do capitalismo de resolver suas crises sem essa dissipação. A recessão resultante da crise de 1929 nos Estados Unidos, apesar de todos os programas de investimento em não mercadorias, só terminou com o esforço de guerra a partir de 1943. Outra forma de permitir a sobrevivência do capitalismo é ampliar indefinidamente seu mercado de consumo, permitindo ao capitalista realizar a totalidade da venda da sua produção. Esse é o caminho perseguido com a globalização da economia. Mas, ao englobar todo o mundo no sistema, fica encerrado seu potencial de expansão natural. Os artifícios passam a ser a válvula de escape das crises, até que também se esgotem.

Além disso, há resistências múltiplas nesse avanço sobre os povos e as nações. As pessoas e as instituições reagem à invasão do capital, seja na busca incessante ao lucro cada vez maior, seja na imposição da ideologia burguesa, que se introduz destruindo quaisquer resistências, cultural, religiosa, intelectual. O uso da força das armas é recorrente nessa cruzada do capitalismo em busca de novos mercados e da posse de bens que possam gerar lucro, sem o qual o capitalismo não se sustenta.

Mas o departamento III do capitalismo precisa de uma fonte de sustentação. Esta é o endividamento público, cujo peso não se limita aos países centrais do sistema. Ele é levado também aos países periféricos, como o Brasil, os europeus menos capitalizados, como a Islândia, a Espanha, a Grécia, Portugal, e outros. O endividamento reduz a capacidade dos governos de prestar serviços à população e induz à privatização dos serviços públicos. A população, que já pagava tributos para sustentar esses serviços, passa a pagá-los a particulares, a preços mais elevados, pois acrescidos do lucro. Os tributos crescem cada vez mais, não para atender às necessidades das pessoas ou do desenvolvimento do país, mas para pagar juros da dívida pública, cada vez maior, alimentada por taxas de juros exorbitantes. Todas as mudanças legais que permitem essa alimentação do capital não produtivo começa com a corrupção das autoridades e dos formadores de opinião, o que se torna rotina e vício.

Esse sistema econômico, que usa o Estado para espoliar a população, necessita da mentira para manter-se, divulgada na mídia e nos discursos dos homens públicos. Essa cumplicidade é alimentada pelas verbas de publicidade e também pela corrupção, que tende a crescer e tornar-se incontrolável. Com o desvio do dinheiro público para o pagamento de juros, as carências da população aumentam, pela falta dos serviços essenciais, pelo desemprego, pelos salários arrochados e pelos tributos cada vez mais pesados, empurrados pelo serviço da dívida cada vez maior. Além disso, a população precisa pagar pelos serviços essenciais que o Estado já não lhe fornece. Todos os anos há um grande esforço nacional para cumprir com os serviços da dívida pública.

Em 2010, no Brasil, essa arapuca já custou aos cofres públicos 195 bilhões de reais. Dados mais recentes mostram uma escalada da dívida e dos juros que levarão o país à inadimplência, mesmo com a alienação de patrimônios que vem sendo feitos de forma escandalosa.

O crescimento da dívida indica isso. Vejamos alguns dados. Em 2017 o custo dos juros elevou-se para 359 bilhões de reais, correspondendo a aproximadamente 50% das despesas da União. Essa é a causa da falta de recursos para o pagamento dos funcionários e do colapso dos serviços de educação, saúde, segurança, transporte e outros.

O crescimento da dívida em relação ao PIB brasileiro mostra nosso estado de calamidade. Em 2014 a dívida alcançou 56,3% do PIB, em 2015, 65,5% e 2016, 75%. A projeção para 2023, segunda assessoria técnica do Senado Federal, é de 92,4%. Seu crescimento em 2017 foi de 10,84%, enquanto a economia indica um crescimento de 0,8%, segundo o IBGE.

Diante desses dados fica claro que o problema financeiro da União não se deve à remuneração dos servidores, nem à Previdência Social que, respeitadas as receitas a ela atribuída pela Constituição de 1988, vem sendo superavitária.

A tragédia brasileira se deve a ocupação de nossa Nação pelo capital financeiro internacional, que corrompeu políticos e mídia, e dirige os destinos do País através de um governo de sociopatas, comandado por Temer, o aliciador de votos pela corrupção, e Meirelles, agente da banca internacional, que tem como centro decisório a Wall Street, em Nova York.

Para compensar essa sangria, o governo corta despesas, sob o título pomposo de superávit primário do orçamento. Que superávit é esse, se o orçamento é deficitário? Independentemente do eufemismo, o superávit nunca é suficiente para pagar o rombo. A diferença é coberta por novas emissões de títulos do Tesouro. Dessa forma a dívida pública só cresce. A vida das pessoas torna-se penosa, fazendo com que as mães de família trabalhem fora, o que acontece também com os jovens, que deixam os estudos para ganhar algo mais para complementar o orçamento familiar. Enquanto 14 milhões de trabalhadores ficaram desempregos.

No seu avanço sobre os mercados, os capitalistas dos países centrais do sistema compram empresas, desnacionalizando a economia do país hospedeiro. A exportação dos lucros gerados por esses investimentos aumenta a sangria do país, tornando-o dependente de exportação crescente, que o faz prisioneiro também das flutuações da economia mundial. A economia interna do país hospedeiro é forçada a adaptar-se à internacional, não como estratégia própria, mas pela pressão das necessidades crescentes de moedas conversíveis, para transferir lucros e juros obtidos internamente pelo capital estrangeiro. A fronteira do país é aberta para que o capital estrangeiro compre o patrimônio nacional, enquanto o mesmo capital retorna a sua origem pela remessa de lucros e de juros. Para compreender o porquê de tudo isso, precisamos conhecer a natureza do modo de produção capitalista, que produz a acumulação privada do excedente da riqueza produzida pela sociedade.

Nas sociedades que antecederam à capitalista a apropriação da produção excedente às suas necessidades era feita por sua chefia tribal, imperial ou feudal. Esse excedente era distribuído conforme critérios próprios de cada sociedade. Elas geraram classes privilegiadas, castas, ou foram utilizadas em investimentos produtivos, como ferramentas, máquinas ou irrigação, na construção de palácios ou templos, de infraestrutura viária, ou na defesa das cidades ou estados, com exércitos e fortificações. Todos os recursos produzidos tinham uma utilidade, em função das necessidades da sociedade, não importa qual fosse sua natureza. As formas de apropriação desse excedente eram  tributos sobre a produção, pedágios etc.

 

02, janeiro 2018 12:45
Por admin

Vivemos um momento de difícil compreensão. Parece não existir mais lógica na maneira de pensar das pessoas. Tudo que considerávamos correto, a pouco tempo atrás, não condiz em nada com a linguagem dos comunicadores da mídia, nem com os argumentos dos políticos que dirigem o país. Muitos dos respeitáveis homens que dirigem nossa sociedade, nossa economia, nossas empresas e corporações patronais, repetem a mesma linguagem incompreensível e enganosa. Na televisão, aqueles que se intitulam jornalistas pontificam, transmitindo as mesmas barbaridades, sugerindo nos informar. Mas essas informações não fazem sentido, pois conflitam com aquilo que consideramos correto, e assim era visto pela maioria da sociedade, há bem pouco tempo. O que está acontecendo conosco?

Há uma confusão de conceitos sobre a sociedade, sobre a política e sobre o comportamento humano. No topo da sociedade graça a tendência ao totalitarismo. Os políticos no poder tendem para a tirania, na qual são renegadas a leis que se destinam a regular as relações na sociedade. Só passa a ter valor a vontade do tirano, uma subversão de valores. Isso fica evidente quando se trata da economia, da produção e da distribuição da riqueza produzida.

Só parte da riqueza que produzimos remunera o trabalho e paga os tributos que deveriam sem aplicados nos serviços de interesse da população, como educação, saúde e segurança pública. Há um excedente que é apropriado por um grupo pequeno de pessoas. Essas vivem do lucro e de rendas diversas, algumas delas derivadas da produção de mercadoria ou de meios ou atividades ligadas ao processo produtivo, como o aluguel. Esse é o mecanismo normal do sistema capitalista. Mas há aquela renda, proveniente de juros da dívida pública e da especulação, que cria fortunas fabulosas sem origem na produção, que hoje sufocam o mundo da produção.

Nesse processo a sociedade se esfacela. As relações sociais são abaladas pela desorganização daquilo que, embora não fosse justo, era admissível, porque tolerável, conforme os valores aceitos como necessários à manutenção e prosperidade da Nação.  E que valores são esses? Aqueles estabelecidos pela realidade econômica e pelos embates de interesses entre as classes sociais, nos últimos séculos, desde que surgiu o capitalismo. Esses embates têm uma referência histórica marcante, no século XVIII, especialmente com as revoluções americana e francesa, alimentadas pelas ideias dos iluministas. Aquele momento histórico marcou o início de uma Era de confrontos e negociações que criaram o Estado Moderno, um período histórico de grande progresso e de grandes confrontos que foram se ampliando. No início do século XX eles se exacerbaram, dando origem às duas grandes guerras mundiais: a de 1914-1918 e a de 1939-1945.

Após esses grandes e calamitosos conflitos, parecia que a humanidade havia tomado juízo e encontrado uma forma de convivência. Houve a libertação das colônias. Surgiu nos países mais desenvolvidos, segundo o critério da produção de riquezas, um grande acordo na sociedade ocidental, o Estado de Bem Estar Social. No Oriente, as novas sociedades socialistas, da Rússia e da China, ofereciam outra forma de organização, superando as crises econômicas através da economia planejada e de distribuição de riqueza mais democrática. Mas foi criada uma dualidade que resultou na Guerra Fria, com graves consequências, inclusive pela proliferação das armas nucleares.

Mas, o mundo ocidental não conseguiu manter por muito tempo o Estado de Bem Estar Social. Este se caracteriza por uma melhor distribuição da riqueza, cujo exemplo mais marcante está na Europa, especialmente nos países nórdicos. Isso foi possível pela democratização da política e a garantia dos direitos dos cidadãos, conquistados a duras penas em embates sociais expressivos, especialmente pelo clamor dos povos massacrados pelos horrores das duas guerras mundiais. Essa condição social foi mantida pelo livre pensar e pelo diálogo, dos quais resultaram condições políticas e institucionais, nas quais prevaleciam alguns princípios republicanos, fundados na soberania do cidadão e das nações, consubstanciadas no voto popular e na autodeterminação dos povos. Para tal chegou-se a organizar uma cooperação entre os países menos desenvolvidos economicamente, a partir de uma reunião em Bandung, na Indonésia, que fundou o Movimento dos Países Não Alinhados, aqueles que não estavam aliados aos blocos Ocidental ou Socialista, portanto, teoricamente, neutros. Mas essas nações não foram poupadas de intervenções externas, especialmente para a dominação de sua produção de petróleo e para bloquear seu desenvolvimento autônomo, como aconteceu no Brasil, na Indonésia e em outros países da América Latina com os golpes de Estado que produziram sangrentas ditaduras militares.

O Estado de Bem Estar Social ainda se aguenta, precariamente, nos países mais industrializados, em parte com recursos da espoliação dos outros países. Já nos países submetidos ao neocolonialismo – o colonialismo econômico com soberania apenas nominal – a espoliação grassou, com o consentimento de governos autocráticos e corruptos. A “democracia”, – ou Estado de Direito -, duramente conquistada por esses povos, degradou-se. O capital estrangeiro dominou suas economias.

O sistema capitalista usou e continua usando esses países como áreas de expansão de seu mercado, cada vez mais cartelizado e submetido ao capital financeiro. Essa fase se agravou a partir da década de 1970, quando os excedentes de produção nos países mais industrializados ameaçava levá-los a uma crise sem precedentes. Para evitá-la, os países que detêm o controle financeiro do comércio mundial, os EUA e a Inglaterra, adotaram a política do dinheiro sem lastro, que foi imposta ao mundo. Dessa forma eles conseguiram ampliar os mercados que necessitavam, para fazer faze à nova crise do sistema capitalista que já se anunciava.

O dinheiro sem lastro, somado aos petrodólares gerados pela imposição do aumento do preço do petróleo, a partir de 1973, concentrou mais ainda a riqueza, sob a forma monetária, que precisava encontrar meios de ser remunerada. Foi imposto aos países periféricos, do ponto de visto econômico, o endividamento para promover um desenvolvimento artificial, para atender às grandes corporações empresariais. Disso resultou o slogan “Brasil grande”, no governo militar brasileiro que produziu grande aumento da dívida externa brasileira, de 2,4 bilhões de dólares, em 1964, para 85,4 bilhões de dólares, em 1985, 35 vezes maior.

Essa política neoliberal ficou conhecida como “globalização” e foi difundida como uma Era de Prosperidade. Mas seu resultado foi o empobrecimento das populações mais pobres e uma brutal concentração de riquezas na mão de poucos. Foi também a perda da soberania de muitas nações. Margareth Thatcher foi mais realista ao interpretar essa política, considerada a única solução para o capitalismo, dizendo “There is no alternative”. De fato essa foi a única opção que o capitalismo tinha para sua sobrevivência por mais algum tempo, sem uma guerra que pudesse mascarar a crise do capitalismo. Essa seria catastrófica para todos, sobretudo para os mais poderosos. Mas sua lógica não nos serve, porque nos custa nossa própria sobrevivência. Centenas de milhares de brasileiros morrem todos os anos, em decorrência dessa política macabra. Os fatos demonstram que o capitalismo esgotou-se, está em fase terminal.

O governo que temos hoje é consequência desse processo, que não é apenas um jogo geopolítico.  Ele é muito mais que isso, pois seu objetivo é de dominar completamente grande parte do mundo, numa tentativa de superar a crise do sistema capitalista. O Brasil é para eles um elemento fundamental para enfrentar a China, que tem hoje poderes para fazer face ao império americano.

Temos ainda a considerar que todos os conflitos graves que ocorreram no mundo desde a Revolução Industrial na Inglaterra, no século XVIII – da Revolução Francesa à Guerra Fria – são aspectos de um mesmo e grave problema, as crises cíclicas do sistema capitalista. Já os atuais, as guerras do Afeganistão e do Iraque, a Primavera Árabe e a guerra da Síria, as pressões sobre a Coréia do Norte, a tentativa de derrubar o governo da Venezuela, o assalto ao Pré-sal e a tentativa de desmoralizar a Petrobrás. a redução de direitos trabalhistas e a reforma da Previdência no Brasil, sãos consequências da crise terminal do capitalismo. É na análise dessa crise e de suas causas que sairá a resposta ao título desta matéria, O segredo do colapso da civilização.

 

27, dezembro 2017 11:19
Por admin

Ao povo brasileiro

Eu sou Arnaldo Mourthé, um cidadão brasileiro, como cada um de vocês. Venho a público para dizer da minha indignação com tudo que esse governo, um governo das trevas, vem fazendo conosco, povo brasileiro, e com a nossa Pátria, o Brasil.

Todas suas ações têm sido para quebrar a nossa vontade de cidadãos, com o objetivo de facilitar a realização de um projeto que nada tem a ver com o Brasil e seu povo. O projeto deles é demolir nosso Estado, nossas Instituições, e quebrar nossa vontade, nossa dignidade. Você, meu concidadão, pode perguntar: para que?

Para entregar nosso destino a um pequeno grupo de egoístas genocidas, que querem nos transformar em uma colônia. Passaríamos a trabalhar para produzir o que lhes interessa, para que eles lucrem nas suas transações com o mercado mundial.

Para isso, eles estão destruindo o Estado brasileiro e seus serviços públicos, e retirando de nós direitos, que garantem a nossa sobrevivência e a nossa condição de cidadãos, aqueles que têm direitos e deveres. Querem nos transformar em servos, talvez em escravos. Escravos que nada lhe custam e, portanto, descartáveis.

A nova “Lei” trabalhista deles, nem é Lei, porque se submete ao “acordo” com o patrão, que coloca o trabalhador submisso à sua vontade, aos seus interesses. A “Lei” que querem para a Previdência Social promete uma aposentaria para uns poucos sobreviventes, porque a maioria terá morrido antes da idade mínima para usufruir dela.

Estão também vendendo o patrimônio nacional e concedendo todo o serviço público à exploração privada. Se deixarmos, vão destruir nosso país. Não teremos um país para deixar aos nossos descendentes. O que eles pensam que nós somos? Cordeiros? Idiotas? Covardes? Estão enganados. Eles são soberbos. Pensam que podem tudo. Mas nós temos nossa dignidade. Esquecem que temos uma Pátria, que devemos defender e que foi constituída para nos defender. Somos cidadãos. O poder é nosso, do cidadão. O governo que aí está é impostor. Não foi eleito pelo povo e não tem votos.

Eles querem fazer a reforma da Previdência Social e destruir o Brasil e nossa Sociedade, nossa Comunidade. Mas nós, queremos que eles saiam! Se não for por bem, que o façamos através das ruas, pacificamente, com a pressão da nossa vontade. Mobilizemo-nos. Não deixemos que eles destruam nossa Pátria e nos escravizem.

Não quero nada para mim. Tenho 81 anos bem vividos, com muitas lutas em defesa do Brasil e do povo brasileiro. Mas tenho a obrigação de defender meus descendentes e os de todo o nosso povo.

Não à reforma da Previdência! Fora o governo Temer!

Rio de Janeiro, 17/12/2017

19, dezembro 2017 11:40
Por admin

Mensagem da Editora Mourthé

Confraternização natalina

 

Chegamos ao final de um ano pleno de desilusões, de insegurança e de incertezas. Mesmo assim, nos preparamos com otimismo para a confraternização, com nossas famílias e outros entes queridos, nos festejos do Natal e do Ano Novo. Este é um período cheio de significados, quando, nós cristãos, comemoramos o nascimento de Jesus e outras correntes de fé reverenciam seus Orixás, em especial Iemanjá, Iansã e Oxum. A rainha das águas e dos mares, a deusa dos ventos e das tempestades, e a rainha das águas doces, das cachoeiras e dona do ouro. Todas elas guerreiras do bem, como nosso povo brasileiro.

Tanto os cristãos quantos os espiritualistas de origem africana e outros, estão todos focados nos mesmos valores. A vida, o amor, a paz, a fraternidade, estão no pensamento de todos. Os cristãos, através de seus presépios, ressaltam a família como o fundamento da humanidade, a origem de todos nós, advindos de uma Sagrada Família. Os Orixás guardam o equilíbrio da Natureza e da Vida, tão ameaçadas nos nossos dias.

Esse é, para todos nós, um momento de respeito mútuo e do perdão, que criam um ambiente de Paz e Fraternidade, fundamental para superarmos as vicissitudes e incertezas que a todos envolvem.

A todos um Feliz Natal e um Ano Novo de Paz e Fraternidade.

15, dezembro 2017 2:21
Por admin

A questão do poder

Por Arnaldo Mourthé

Nossas vidas estão condicionadas à natureza do poder que nos rege.  Desde criança esse poder é exercido sobre nós por nossos pais e os outros membros da família, nossos primeiros contatos com esse mundo. Esse é um poder legítimo, necessário à nossa segurança para que possamos sobreviver, crescer e aprender o que é preciso para continuar com a existência humana, em harmonia com nosso meio social e nosso habitat. Entretanto, o fato dele ser legítimo não obriga que ele seja justo, ou mais adequado para nossa evolução. Somos ensinados a fazer, quase sempre da forma mais honesta, aquilo que nossos pais ou parentes mais velhos consideram o mais correto. Eles querem que façamos aquilo que a sociedade de nossa época considera correto para, assim, termos uma existência mais tranquila e feliz. Isso permitiria nossa realização pessoal, convivendo e trabalhando como os outros ou, se formos criativos, melhor que eles.

Esse quadro de conhecimentos que nos acolhe para que sejamos um ser sociável, chama-se cultura. Cada povo tem sua cultura, que o caracteriza. Nas grandes nações, há etnias ancestrais que formam uma diversidade cultural. No Brasil, um país de migrantes, além das etnias nativas, impõem-se formações sociais regionais diferenciadas por miscigenação, atividade econômica e relações de trabalhos, em um quadro diversificado por migrações várias. Mas há sempre uma cultura dominante em uma Nação. Ela dá uma forma e uma natureza à sua sociedade.

Ao longo da história há uma evolução natural de cada cultura, com o aumento de seu conhecimento e de seus relacionamentos com outros povos. Às vezes isso si dá por saltos: um surto extraordinário de progresso ou uma revolução. Numa e outra situação há uma alteração acentuada na cultura, que pode ser avaliada como evolução ou como regressão. A história está cheia desses exemplos, que os historiadores registram, mas nem sempre com o mesmo enfoque. O que para um pode ser evolução, para outro pode ser regressão. Fica aqui esse registro, porque a história é construída e interpretada de várias maneiras. Sobre essa questão formam-se opiniões, teorias, ideologias.

Mas esse embate não é parecido com a evolução da Natureza, que obedece a leis precisas, enquanto está submetida a condições cósmicas, pois nosso Planeta não está só no Universo. As transformações na Natureza, como a evolução das espécies e os fenômenos naturais, que eventualmente são catastróficos, são consequências de suas leis generosas, que criam e velam pela vida, mas também implacáveis, porque incorruptíveis.

A história da humanidade foi construída pela evolução natural, consubstanciadas na aquisição de conhecimentos e na produtividade do trabalho, assim como pelos conflitos de interesses entre indivíduos e comunidades, que evoluíram construindo organizações sociais cada vez mais complexas. Nesse processo chegamos às civilizações, marcadas por conflitos de toda ordem, por territórios, riquezas diversas e a impulsão para a dominação do mais fraco. Sempre com o uso da força, camuflada pelo racionalismo, que justifica a ideologia.

A ideologia é a racionalização dos interesses de um grupo social. Quanto mais estruturada for a sociedade, em castas ou classes sociais, maior o peso da ideologia no comportamento de seus membros. Em resposta a uma ideologia dominante, surgem outras ideologias, que podemos dizer defensivas, de setores da sociedade menos agraciados pelos valores que ela considera como principais. Dessa forma, ao longo da história, várias formas de conflitos de interesses desenvolveram ideologias diferenciadas, cada uma delas defendendo interesse de castas, classes e corporações. Em tempos antigos, visava-se a posse da terra, as chefias de natureza diversa, o controle do conhecimento e das religiões. Na nossa modernidade, na era da indústria e do conhecimento tecnológico, a questão principal é a posse da riqueza, representada por direitos de propriedade, pelo lucro nas atividades produtivas e, mais recentemente, no rendimento do dinheiro, através da produção ou independente dela. Essa última condição é hegemônica quando se trata do poder que hoje impera no mundo.

Nós estamos vivendo um processo de disputa de poder catastrófico, com a tentativa dos detentores do dinheiro de dominar sistematicamente a sociedade humana. Nesse processo estão sendo demolidas, ou se pretende demolir, todas as conquistas da humanidade, no que diz respeito a direitos das pessoas. Sejam os direitos inatos, como a liberdade e a igualdade, essência das pessoas e das nações, como os civis e os sociais, que definem nos nossos dias o sistema republicano. Mas, de que vale esse poder? Nossa civilização, capitalista industrial, conseguiu um grande progresso material, obtido através da espoliação dos trabalhadores, das nações e das conquistas científicas. Mas não foi a burguesia capitalista que criou e desenvolveu a ciência. Ela simplesmente se apropriou das conquistas científicas para aumentar sua dominação sobre as pessoas e as nações.

A burguesia capitalista, de fato, incentivou a criação de tecnologias através de investimentos e financiamentos. Mas ela também conduziu esse processo com o objetivo de obter mais lucros e não de satisfazer as necessidades humanas. O grande motor desse desenvolvimento não foi o de melhorar as condições de vidas das pessoas, ou minimamente garantir sua preservação. Pelo contrário, ele foi a destruição, especialmente através da guerra, que vitimou centenas de milhões de pessoas, entre mortos, feridos e refugiados. A ciência foi criada para o desenvolvimento do homem. Mas sua utilização ganhou outro sentido.  Tornou-se instrumento de manipulação de pessoas e de nações, tornando-as dependentes e impondo-lhes condições sociais deprimentes.

Esse poder está com seus dias contados com a Nova Era da 4ª Vibração. Nela o poder será de outra natureza. Como no uso das forças da Natureza, que só pode ocorrer com nosso conhecimento, empírico ou científico, nas novas condições vibracionais da Terra, o poder de natureza social só poderá ser exercido pelo conhecimento das Leis Espirituais. Ele se exercerá apenas através dos pensamentos, palavras e ações que sejam perfeitamente sintonizadas com elas. Não haverá lugar para o egoísmo, a mentira, o desrespeito à pessoa ou à Natureza. Da mesma forma que a Natureza pune aqueles que desrespeitam suas Leis, as Leis Espirituais punirão aquele que as infringir. É aplicada a Lei do Retorno, semelhante à terceira lei de Newton que diz: toda força (ação) gera outra força igual e oposta (reação).

Os esforços realizados pelos “todo poderosos” do mundo, donos do dinheiro, para ampliar sua dominação sobre o Brasil e sobre o Mundo, serão desmantelados pelas Leis Espirituais que já vigoram na Terra nesse momento. Eles ainda criarão muitos conflitos e gerarão muitos sofrimentos, mas serão aniquilados, na medida em que as pessoas tomem consciência de seu poder de intervenção sobre o ambiente social e, até mesmo, o físico, usando o seu poder do pensamento e da vontade.

Cabe exclusivamente a cada um de nós cidadãos, pessoas humanas, detentoras de direitos, e imbuídas de deveres, mudar esse quadro dramático, criado pelo egoísmo de um pequeno grupo de pessoas e seus sequazes, impondo a submissão e o sofrimento aos seres humanos que hoje vivem na Terra.

 

13, dezembro 2017 12:22
Por admin

Prezados amigos,

Faço um apelo à sua indignação. A reforma da Previdência, que o governo quer votar a toque de caixa, é um tapa na cara do povo brasileiro. Querem que morramos antes de conseguirmos cumprir com as exigências que nos impõe a nova Lei. É o que acontecerá com a maioria dos mais pobres, cuja esperança de vida é menor que 65 anos que a nova Lei exigirá. Essa é apenas uma de suas barbaridades. O que realmente querem é apropriarem-se do dinheiro da Previdência Social para pagar juros da dívida pública, forjada para nos espoliar e submeter. Nós já pagamos a cada dia um bilhão de reais aos bancos que são distribuídos para as pessoas mais ricas do mundo. Além disso, a nossa dívida cresce outro bilhão de reais todos os dias. Estão nos afogando em dívidas e destruindo o Estado e os serviços públicos para nos submeter como uma nova colônia. Agora vão tomar também o dinheiro da nossa aposentaria, do sustento da nossa velhice..

Diga um não a tudo isso. Agora. Vamos derrotar esse projeto macabro que é contra nós e contra nossa Pátria. Manifeste da forma que puder. Fale com todos os seus conhecidos da sua  indignação. E também com os familiares dos deputados, dizendo-lhe que essa reforma representa uma traição à nossa Pátria. Aja agora. Difunda pela rede social nossa mensagem. Seus filhos e netos lhe agradecerão.

Com meus agradecimentos,

Arnaldo Mourthé

06, dezembro 2017 9:48
Por admin

Quem é o maior responsável por nossa tragédia nacional?

Arnaldo Mourthé

A resposta é simples; a nossa omissão.

Quem se sentir ofendido, que me desculpe. Não quero ofender ninguém.  Mas é de meu dever alertar a todos da gravidade da nossa situação. Até mesmo àqueles mais empenhados em buscar saídas desse caos, com seu próprio sacrifício. Afinal, me foi dado o privilégio de  viver 81 anos, intensamente, conhecer muitos países, os mundos da técnica, do esporte, da literatura, da política, até dos porões da ditadura, da vida enfim, com sua grandiosidade e seus percalços. Não tenho o direito de omitir o que me foi revelado, por minhas experiências, meus estudos e meus contados com personalidades que  fizeram história.

Não posso apenas guardar para mim tudo isso, e viver a minha aposentadoria, adquirida aos 70 anos de idade, quando milhões de patrícios não têm nem o direito ao trabalho para sustentar sua família, muito menos para se aposentar. Não o fiz, não o faço e não o farei. Vou colocando tudo para fora. Digam o que quiserem aqueles que se deleitam em criticar e colocar sobre os outros a responsabilidade das nossas mazelas. As redes sociais então cheias deles. Não os culpo. Não culpo ninguém, especialmente, pelo que está aí. Somos todos vitimas de uma condição que não foi criada por nós, mesmo que alguns tenham tido a oportunidade de amenizar as consequências das agressões que sofremos, sendo menos egoístas do que foram.

Além de considerar que a “culpa” é do outro, há uma tendência para negligenciarmos nossa potencialidade. Aceitarmos o mito do poder, que a sociedade nos ensinou. Aceitamos até mesmo sermos vítima dele, sem questionar. É o que nos está acontecendo. “Mas eu não posso fazer nada!”. É o que mais se ouve. Pois esses estão enganados e não apenas isso, conformados, o primeiro passo da submissão.

Mas tenho algo a dizer-lhes sobre o poder. O poder está dentro de cada um de nós. Fora dele só há o poder Divino e o da Natureza. Não há poder do homem que não tenha origem em nós mesmos. Se alguém diz que há, está mentindo ou enganado. Vamos à questão!

Se temos um problema, só nós mesmos temos condição de resolvê-lo, ninguém mais. Mesmo quando a solução depende do outro, é preciso que nós tomemos a iniciativa de acionar o outro para agir. Do contrário nada será resolvido. Viveremos nosso drama na solidão, talvez no desespero.

Da mesma forma o problema de uma família está nela mesma. Só um de seus membros poderá resolvê-lo, ou a união de todos. Isso vale para a comunidade ou empresa. Vale também para uma nação. Em alguns casos precisamos de solidariedade, ou ajuda de fora, mas que só será positiva se for solicitada por nós ou for de nosso interesse. Qualquer solução externa ao corpo social não pode contrariar seus interesses. Se o fizer  será invasão de privacidade. Para a nação a privacidade se chama soberania.

Se assim é, estamos sendo violentados. Temos um governo que nos obriga o que não queremos. Que usa apoio externo para nos pressionar. Que corrompe para nos dominar. Será natural que possamos aceitar isso? Não é. Mas por que está acontecendo? Porque nós estamos divididos, uns culpando os outros. Onde está nosso amor próprio. Ele não é apenas individual. Ele vale para o coletivo. A família, um grupo de amigos ou colegas, os de mesma nacionalidade. Pois quando nos agredimos mutuamente, estamos nos negando a solidariedade, a unidade  que é nossa força. Todos que agridem o outro, nosso compatriota, por pensar diferente de nós, está nos enfraquecendo. Ajudando nosso inimigo, nos levando à submissão e à nulidade. Deixamos de ser, para não sermos nada. Viramos coisas, que não têm direitos nem deveres. Para não sermos coisas. devemos ter a consciência que precisamos ter os dois: direitos e deveres. Não só para nós, mas para todos.

Agora poderemos ver uma omissão de muitos de nós. Nós estamos negando nossa unidade, nos negando nossa força. O homem vive em sociedade, porque fora dela não mais existiria. E a sociedade tem sua força na sua Unidade. Enquanto falarmos mal uns dos outros, os inimigos nos impõem, todos os dias, derrotas e prejuízos. Estamos sendo massacrados.

Como superar isso? Fazendo uma reflexão e reconhecendo nossas limitações. A principal delas é nosso conhecimento precário e nossas ilusões. Precisamos nos informar. Só assim tomaremos consciência do que está acontecendo. Façamos isso, procuremos conhecer os fatos. Os  verdadeiros, do passado e do presente. Os divulgados pela mídia não são verdadeiros. Os poucos verdadeiros são menores, sem significado. Servem para dar veracidade aos falsos. Seu conhecimento não nos ajuda, apenas nos ilude mais ainda.

Precisamos nos conscientizar. Aprender uns com os outros. Melhor será se for com o mais próximo de nós. Tenhamos confiança em nós mesmos e em nossos próximos, parentes, amigos, companheiros de trabalho, concidadãos nossos, patrícios nossos. Confiemos no que é nosso. Sejamos nós mesmos. Podemos mesmo afirmar que somos os melhores, pois somos múltiplos, representamos grande parte da humanidade. Partes delas, as mais diversificadas, estão aqui, são brasileiros. Nem todos, sabemos disso. Mas esses são facilmente reconhecíveis. Por suas palavras, por suas atitudes, por suas posições contra nosso povo.

Precisamos também conhecer nossa história. Ela vai nos dizer o passado de cada um, ou seus vínculos ancestrais que o fazem agir em consequência. Precisamos nos conscientizar enfim. Ou o fazemos, ou nos submetemos. Não basta identificar os culpados, mesmo que estivermos certos. A questão é não nos submetermos, é construir nosso destino. Que assim seja!

Rio de Janeiro, 05/12/2017.

01, dezembro 2017 7:15
Por admin

Por um Brasil de Paz e Fraternidade

Arnaldo Mourthé

O regime republicano instituído no Brasil, em 15 de novembro de 1889, já nasceu velho.  Tanto que ficou conhecido como República Velha. Há pelo menos duas razões para esse conceito. A sua ideologia positivista e o exercício do poder, logo após seu nascimento, pelos barões do café, uma retrógrada casta escravista. O positivismo deixou sua marca na legenda da nossa bandeira: ORDEM E PROGRESSO. Mas, o que é o positivismo? Uma doutrina criada pelo francês Auguste Conte (1798-1857), semelhante a uma religião, que via a humanidade como sua deusa. Mas, apesar disso, não tratava dos direitos do homem. Seu enfoque era buscar a regeneração social e moral dele. O homem visto como um elemento fora da sociedade, como se isso fosse possível. Seu lema é O Amor por princípio e a Ordem por base: o Progresso por fim, como está escrito na fachada da Igreja Positivista do Rio de Janeiro.

Foi desse lema que saiu a legenda expressa na Bandeira do Brasil: Ordem e Progresso. O que significaria essa expressão? Ordem é uma disposição de meios para obter-se um fim, uma regra ou lei estabelecida. Pressupõe disciplina e obediência, mas não diz para que. No fundo é uma palavra sem significado preciso, que pode ser usada ao bel prazer da autoridade. Não é um princípio, como as legendas da Revolução Francesa, Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Estas sim, falam por si mesmas, são princípios a serem seguidos pela sociedade e, obrigatórias para a autoridade que ouse falar em seu nome.

E o que vem a ser Progresso? É o movimento para adiante, um avanço, uma evolução. Mas, em que direção? Para qual objetivo? Induz a pensar que esse objetivo seja o bem da sociedade, a superação de cada estágio da sua evolução. Mas qual seria essa sociedade? Essa questão fica em aberto, deixa margem a interpretações. O progresso para um pode ser o retrocesso para outros.

Foi exatamente isso que aconteceu. Como os militares não representavam nenhum dos componentes da sociedade, classes, setores, etnias ou organizações políticas, que pudessem  dar-lhes suporte no poder, eles o entregaram aos barões do café. Manteve-se assim a estrutura social da colônia e do Império. Já não havia mais a escravidão que o Império extinguiu, mas permaneceu a cultura escravocrata da aristocracia, e a casta do baronato que espoliou o país desde o início da colonização.

Para o baronato, a legenda Ordem e Progresso veio a calhar. A Ordem seria a sua, que ela estabeleceria conforme seu interesse. O Progresso poderia ser interpretado de várias maneiras. Se a interpretação era feita por eles, ela seria do seu interesse. Por exemplo: ampliar seus negócios, montados sob a exploração desumana dos trabalhadores em associação com seus sócios no exterior. Assim, eles reinaram até 1930, quando a sociedade reuniu condições para derrubá-los do poder com uma Revolução Republicana.

Mas essa Revolução, em especial sua obra social, especialmente voltada para a proteção do trabalhador, com a legislação trabalhista e a Previdência Social, não foi assimilada pelo baronato, nem por seus sócios externos, que viram sempre o Brasil como um balcão de negócio de alta rentabilidade. Daí os conflitos sociais e as conspirações que levaram ao Golpe de Estado de 1964. De lá para cá, o baronato e seus associados externos deitaram e rolaram sobre o Brasil. Os militares, que foram usados para esse projeto antissocial e antinacional, serviram a eles, mas não se dispuseram a dar o passo audacioso que os associados externos queriam; destruir a Soberania Nacional.

O melhor seria, para os conspiradores, acabar com a ditadura e criar um regime de governos dóceis, de capatazes que administrassem a espoliação desenfreada do Brasil. E deu no que deu. Sobre isso já falamos sobejamente.

O pior é que o governo que aí está nem mais respeita a legenda da Bandeira Nacional. A Ordem virou desordem. Instalou-se um cassino de irresponsáveis que fazem e desfazem, no seu jogo do ganho fácil e farto, através da fraude, sustentada pela corrupção mais deslavada. A desordem alcançou o Poder Legislativo que vende aprovações de leis nocivas ao interesse público, através da mediação do próprio Presidente da República. O Progresso foi transformado em retrocesso pela perda de direitos dos trabalhadores e alienação do patrimônio público.

A “ordem” dos banqueiros está produzindo a falência do Estado e a desorganização da Sociedade. Seu “progresso” é o  retrocesso da Nação, na Cultura, na Educação, na Segurança Pública, e no desenvolvimento da economia. Gera o desemprego e a miséria da população.

A desordem espalhou-se pelo país, a partir das medidas de demolição do Estado, por iniciativa do próprio Poder Executivo, desorganizando a Administração Pública, demolindo os serviços prestados à população, e sustentando os banqueiros com metade da arrecadação da União, além de aumentar anualmente em mais de 10% a dívida pública.

Há pessoas que fazem descaso dos princípios e dos conceitos que devem nortear a vida da sociedade, como a de cada cidadão. Pensam apenas nas disputas de poder e confiam na oratória enganosa dos políticos. Esses desconsideraram as grandes mensagens que emanam dos princípios e das legendas que os representam. Mas se tivéssemos escritos na Bandeira Nacional legendas fundamentais para o bem estar e o desenvolvimento da sociedade, talvez tivéssemos uma maior consciência popular que pudessem orientar ações em defesa da Nação e da Cidadania. Imagine se no lugar de Ordem e Progresso tivéssemos as palavras PAZ E FRATERNIDADE! Fica a sugestão.

Rio de Janeiro, 30/11/2017.

05, maio 2022 11:36

Bienal do Livro Rio 2021

13, novembro 2021 12:56

Mini Primavera dos Livros 2021

09, agosto 2021 12:10

Editora Mourthé na FLI BH 2021 - 4a Edição